BEM VINDO AO CLUBEDOVINYL!

Muito tempo se passou e ele continua por aí, forte como nunca. Os realmente fieis não o abandonam jamais e, enquanto respirarem, o bom e velho vinil continuará vivo.
É nosso dever manter essa tradição da boa música sempre viva.
Aos amantes do bom e velho vinil desejamos boas vindas.


Lojas de discos não são um estabelecimento comercial qualquer, mas um espaço cultural, um ponto de encontro, um centro comunitário, um laboratório de interatividade. Suprema curtição sabática, em geral matutina, mesmo em cidades à beira-mar, nelas nasceram e se forjaram muitas amizades, sensibilidades e vocações musicais. Mais que a loja de doces dos adultos, é uma catedral aural.
(Nellie McKay)

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Sir John



Elton John é, definitivamente, um artistas forjado nas energias cósmicas musicais mais incríveis do universo. Só assim para explicar as mais de cinco décadas de sucesso do maior artista solo da história da música, de acordo com a Billboard, em 2008.

Nascido Reginald Kenneth Dwight em 25 de março de 1947, em Londres, Elton John (nome artístico proveniente da junção de Elton Dean e Long John Baldry, saxofonista e líder, respectivamente, da antiga banda dele, a Bluesology) começou a tocar piano aos três anos de idade. Aos onze, ganhou uma bolsa para estudar na renomada Royal Academy of Music. O talento foi sendo lapidado e Elton John pulou para o estrelato mundial.

É difícil falar da carreira de sucesso de Elton John. São mais de 450 milhões de discos vendidos mundialmente, 35 discos de ouro e 25 de platina, além do single mais vendido da história, Candle in the Wind, que homenageou a Princesa Diana, amiga próxima do músico, e do Oscar pela trilha sonora de O Rei Leão, em 1994. Músicas como Your Song, Rocket Man, Sacrifice, Nikita, entre outros, ainda embalam muitos fãs do cantor pelo mundo.

A obra de Sir Elton John é vasta e cheia de clássicos. Quer conhecer mais? Na Vinil Records você encontra alguns dos melhores discos de um dos maiores músicos da história!

O lado escuro da Lua

                                                                          Créditos: Rafael Lima/VinilRecords

The Dark Side of the Moon é o oitavo álbum de estúdio da banda britânica de rock progressivo Pink Floyd, lançado em 1 de março de 1973. O disco marca uma nova fase no som da banda, com letras mais pessoais e instrumentais menores, contendo alguns dos mais complicados usos dos instrumentos e efeitos sonoros existentes na época, incluindo o som de alguém correndo à volta de um microfone e a gravação de múltiplos relógios a tocar ao mesmo tempo.

Os temas explorados na obra são variados e pessoais, incluindo cobiça, doença mental e envelhecimento, inspirados principalmente pela saída de Syd Barrett, integrante que deixou o grupo em 1968 depois que sua saúde mental se deteriorou. O conceito básico do disco foi desenvolvido quando a banda estava em turnê, e muito do novo material foi apresentado ao vivo, muito antes de ser gravado. A banda produziu o trabalho no Abbey Road Studios de Londres em diferentes sessões em 1972 e 1973 ao lado do produtor Alan Parsons, diretamente responsável pelo desenvolvimento dos elementos sonoros mais exóticos presentes no disco, e a capa, que traz um prisma sendo atingido por um feixe de luz o transformando em um arco-íris, foi desenvolvida para simbolizar a complexidade que o som da banda escondia por trás de sua aparência simples.




The Dark Side of the Moon foi um sucesso imediato, chegando ao topo da Billboard 200 nos Estados Unidos e já fez mais de novecentas aparições na parada desde então, tendo vendido mais de quinze milhões de cópias e estando na lista dos álbuns mais vendidos da história no país, também no Reino Unido e na França, com um total de cinquenta milhões de cópias comercializadas mundialmente até hoje. A obra também recebeu aprovação total dos fãs e aclamação da crítica especializada, sendo considerado até hoje um dos mais importantes álbuns de rock de todos os tempos.

Em 2003, a revista especializada em música Rolling Stone anexou The Dark Side Of The Moon no segundo lugar de uma lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Em 2010, foram lançadas duas edições, a chamada Immersion e a chamada Experience. A edição Experience possui um disco bônus com o álbum tocado na integra no Wembley Empire Pool em Londres em 1974, veiculado pela Radio BBC. O concerto da BBC só não foi lançado na integra por ausencia do lançamento oficial da musica Echoes, que existe no formato bootleg. A edição Immersion contem DVDs e CDs, além de outros itens.





O Pink Floyd foi formado em 1965, em Londres, Inglaterra. A banda, que teve sua formação clássica com David Gilmour (guitarra e vocal), Roger Waters (baixo e vocal), Richard Wright (teclado e voz) e Nick Mason (bateria), foi uma das mais bem-sucedidas e influentes da história.
A mistura de sons psicodélicos, progressivos e inovadores, aliados a letras filosóficas e profundas, fez com que o Pink Floyd ganhasse uma legião de fãs pelo mundo. Os 15 álbuns de estúdio se tornaram clássicos, que fazem partes de coleções e trilhas sonoras de várias vidas. Ouvir o Pink Floyd é uma experiência musical incrível e importante, pois com a obra dos músicos ingleses é possível perceber a evolução das técnicas de gravação, as experimentações musicais, a psicodelia.

O disco Atom Heart Mother, lançado em 1970, foi o 5° álbum de Gilmour, Waters e companhia. Foi um dos três trabalhos do Floyd a utilizar o som quadrofônico, que é um sistema de gravação e reprodução de som em quatro canais independentes, diferente do mono (um canal) e do estéreo (dois canais). Esse sistema permite a reprodução do som em três dimensões, com uma percepção de profundidade. O disco tem uma das capas mais enigmáticas da história da música, sendo conhecido como o “disco da vaca”. O dono do animal recebeu duas mil libras pelos “direitos de imagem” da vaca. Ficou na primeira posição, em vendas, no Reino Unido, e 55ª nos EUA, onde conquistou o disco de ouro em 1994.




Em 1973, lançaram o oitavo disco da carreira, The Dark Side of The Moon, sucesso imediato, que figurou no topo da Billboard 200, nos EUA. Foi esse trabalho que marcou uma mudança no som da banda, com letras mais pessoais e instrumentais menores.
O conceito deste disco é pautado nos males que afligem o homem moderno, como o tempo que escraviza (na música Time), o dinheiro (no clássico Money) e a solidão, retratada em Us and Then. Também foi gravado com o som quadrifônico e vendeu 50 milhões de cópias pelo mundo. É considerado pelos críticos especializados como um dos mais importantes álbuns da história do rock.

Existe também a estranha sincronia do disco com o filme O Mágico de Oz (1939). Se quiser tirar a prova, coloque o filme para rodar, sem som. Inicie o disco, no modo repeat, após o terceiro rugido do leão presente no logo da MGM e tire suas conclusões.

Wish you were here é o 9° trabalho de estúdio do Pink Floyd. Também com o som quadrifônico, o disco explora a ausência, principalmente a provocada por Sid Barret, um dos fundadores da banda, que se afastou devido ao colapso mental provocado pelas drogas, e também a indústria musical. Shine On, Welcome to the machine e Have a Cigar retratam bem essa relação da banda com os empresários da indústria fonográfica.
O disco, lançado em setembro de 1975, foi um sucesso instantâneo. Tanto que a gravadora da banda na época, a EMI, não conseguia fabricar cópias suficientes para atender a demanda do público. Vendeu mais de 13 milhões de cópias no mundo.




O disco The Wall é o 11° da carreira do Pink Floyd. Lançado em 1979, o álbum é conceitual e aborda o personagem Pink, baseado na figura de Roger Waters. Assim como o baixista da banda, Pink perde seu pai na Segunda Guerra Mundial e tem que lidar com solidão e isolamento, os abusos dos professores na escola e o fim de seu casamento. Aspectos que contribuem para a metafórica construção do muro, que o isola da sociedade.

O disco foi um dos mais bem-sucedidos dos anos 1980, vendendo 11,5 milhões de cópias nos EUA. Durante as gravações, o tecladista Richard Wright deixa a banda, mas continua acompanhando o grupo como músico contratado.
Em 1982, a MGM lançou o filme Pink Floyd – The Wall, que conta a história de Pink, nos mesmos moldes do disco. É um filme com poucos diálogos, que tem a história contada pelas músicas do álbum. Em 1988, em uma entrevista a uma rádio australiana, Roger Waters disse que não conseguia ter nenhuma simpatia pelo personagem do filme, representado por Bob Geldof.

The Final Cut, é o 12° álbum da banda. Lançado em 1983, o disco marcou a saída de Roger Waters do Pink Floyd. O baixista ainda proibiu os antigos companheiros, David Gilmour e Nick Mason, de utilizarem o nome Pink Floyd futuramente. Esse trabalho também ficou marcado pela insatisfação de David Gilmour, que o considera mais um trabalho solo de Waters do que um disco da banda. O Pink Floyd não tocou as músicas do álbum ao vivo, e Roger Waters executou algumas em suas turnês solo.




The Final Cut trata dos prejuízos da guerra e do desperdício das vidas humanas pelos governos. Já que o pai de Roger Waters morreu em combate, podemos dizer que esse é um praticamente um trabalho autobiográfico do músico.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Aniversário do DJ Gilmar


New York City Discotheque


Os embalos das noites da New York City ganham registro


Dava um roteiro de filme: o cara sai de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul, vai parar nos Estados Unidos, vira soldado na Guerra do Vietnã, é ferido em combate, volta condecorado e, em Nova York, resolve levar para o Rio de Janeiro a novidade das discotecas. Ao pioneirismo do gaúcho Carlos Wattimo, 70, é que a cidade deve a sua entrada precoce nos embalos de sábado à noite, eis o que conta o livro “A primeira e única New York City: a discoteca que iniciou a era disco no Brasil”, de Mario Abbade (crítico de cinema de O GLOBO) e Celso Rodrigues Ferreira Junior, a ser lançado mês que vem (a noite de autógrafos está marcada para o dia 16, na Livraria da Travessa de Ipanema).

Aberta ao público em 21 de maio de 1976, no imóvel da Rua Visconde de Pirajá, 22 (onde antes ficava a boate Preto 22, do apresentador de TV Flavio Cavalcanti), a New York City Discotheque chegou causando comoção, com sua pista comandada pelo DJ carioca Ricardo Lamounier — o sujeito que, ainda em Nova York, não só deu a Wattimo a ideia de abrir a casa, como ainda o nome (ele dizia: “Se em NY havia uma boate chamada Ipanema, por que não haver no Rio uma New York City Discotheque?”).

— O que o Rio tinha até então eram boates, não discotecas — explica Mario Abbade, 50, que em 1979 chegou a ir a algumas matinês da casa. — A New York City foi a primeira a copiar as discotecas de Nova York, em que a estrela era o DJ, com um sistema de luz impressionante e um som ensurdecedor. O Ricardo entrava em cena rasgando papel laminado e vestindo um macacão de lamê, como se estivesse num palco. E ele trouxe para o Rio as técnicas de mixagem dos DJs americanos.

Sem barração na porta (pagando ingresso e entrando na fila, qualquer pessoa maior de idade podia frequentá-la), a New York City Discotheque ficou lotada por noites a fio, atraiu celebridades, rendeu uma série de LPs (o primeiro vendeu mais de 50 mil cópias), inaugurou uma era de democratização da noite carioca e inspirou a abertura de outras casas (como a Papagaios, na Lagoa, do empresário Ricardo Amaral). Mas não deixou uma memória farta e gloriosa como a de outras discotecas que surgiram posteriormente, especialmente a Frenetic Dancing Days, que o produtor e jornalista Nelson Motta abriu na Gávea.


— Comecei a pesquisar sobre a New York City Discotheque quando organizei uma mostra sobre a era disco no cinema — diz Mario Abbade. — Ao entrevistar algumas pessoas, vi que a magnitude da casa ia bem além da mostra. Ela estava virando menos do que uma nota de rodapé da história, não era citada em livros e havia uma dificuldade muito grande de encontrar informações nos jornais.

sábado, 12 de março de 2016

Do Blues passando pela Soul Music até a House

Sem desmerecer os grandes cantores de sucesso
que não foram citados aqui, além de excelentes músicas 
que consideramos como "hinos" da Soul Music. 
 Vamos conhecer um pouco 
desse movimento na sua origem?


A Black Music começou a nascer quando os escravos africanos, trazidos para a América do Norte, criaram novas formas de se manifestar culturalmente. A interação entre o passado, das tradições culturais da África que traziam consigo, e o presente, representado pela imposição dos valores europeus e cristãos, resultou em originais expressões na dança, na linguagem, na religião e, principalmente, na música dos negros africanos e seus descendentes na América. Transmitidas oralmente de geração para geração, essas formas originais de expressão cultural foram fundamentais para os negros sobreviverem à opressão e enfrentar a dura realidade de trabalhos em condições subumanas, que persistiram mesmo após o fim da escravidão, como nas plantações de algodão do sul dos Estados Unidos.

Uma das mais populares dessas manifestações era o canto religioso negro. Chamado de Spiritual (hoje Gospel), ele se desenvolveu no século 18 com a adoção do cristianismo pela população negra como uma forma de “libertação”, as igrejas americanas foram os verdadeiros conservatórios musicais para a comunidade negra. Resultado da tradição religiosa afro-americana que se formou, o Spiritual foi uma evolução das músicas de trabalho e de protesto cantadas pelos escravos no campo desde o século 17. Fora das tradições religiosas, as canções dos escravos evoluíram para na virada do século 19 para o 20 desembocar em dois novos gêneros: o blues e o jazz.



Nascido no sul dos Estados Unidos, o blues surgiu como um gênero rural com sonoridade e letras melancólicas, cheias de angústia e que retrataram a dura realidade social dos negros. Décadas após a abolição da escravidão, a rotina da população negra norte-americana ainda era de sofrimento e privações. As oportunidades de diversão estavam nos encontros dominicais nas missas nas Igrejas e nos bailes nas noites dos sábados, regados a uísque. Assim, formou-se uma tradição em que os domingos pertenciam ao Senhor, enquanto as noites de sábados ficavam a cargo do Diabo.

Nessas noites de diversão e prazer, além de uísque e blues, havia também o ragtime, um ritmo que misturava as tradições orais com as influências europeias e resultava num estilo único e animado de tocar piano. Em pouco tempo, a junção do blues e do ragtime daria origem a um novo gênero, o jazz. Pequenas bandas de músicos negros faziam improvisações em cima de marchas com bases melódicas simples. O jazz evoluiu rapidamente para uma dança de salão das mais populares entre negros e brancos, e criou uma série de variações, como o swing e o bebop.



Ao longo da primeira metade do século 20, as músicas afro-americanas, sejam as religiosas, como o gospel (evolução do spiritual com canções que destacam vocais e coros e que expressam uma intensidade espiritual de forma dramática e emotiva), sejam as seculares, como o blues e o jazz, se popularizaram cada vez mais. Entre as décadas de 40 e 50, suas vertentes já totalmente urbanizadas dariam origem ao rhythm’n’blues ou R&B (diferente do R&B atual, era uma mistura de jazz e blues, com ênfase nos vocais, feita para dançar) e ao rock’n’roll, dois novos gêneros que dominariam a canção popular ao redor do planeta a partir de então.

O sucesso do rock na década de 50, apesar de um gênero forjado na fusão dos ritmos afro-americanos com a country music, não deu todo o destaque que os artistas negros mereciam. O reconhecimento e a conquista das paradas de sucesso para os afro-americanos só viriam na década seguinte com a soul music, ou a “música de Negro”.




A soul music era uma mistura de gospel e rhythm’n’blues. O gênero começou a ganhar feições com as canções de Ray Charles e Sam Cooke ainda nos anos 50. Mas foi com o surgimento da gravadora independente Motown no começo dos anos 60 que a soul music ganhou o mundo. Além da Motown, de Detroit, as também independentes Atlantic, da Filadélfia, e Stax, de Memphis, se destacaram ao lançarem os principais nomes do gênero nos anos 60 e 70.







A gravadora Stax de Memphis
se destacou por ser uma das poucas
 que mantinham um stafe de profissionais negros no se plantel de diretores.


Sam Cooke nascido em 22 de janeiro de 1931 e assassinado em 11 de dezembro de 1964, foi um artista, cantor e empresário estado-unidense muito reconhecido e estimado. Hoje em dia, muitos o consideram o fundador da soul music. É considerado pela revista Rolling Stone como o 4º maior cantor de todos os tempos, e pela mesma revista, o 16º maior artista de todos os tempos. Chamado de "The king of soul", o legado de Sam Cooke é vasto. Ele ganhou 29 dos 40 mais mais nos Estados Unidos entre 1957 e 1965. 



Mas tinha mais. Antes mesmo de Aretha Franklin ser coroada a “Rainha do Soul”, o título de padrinho do gênero ficou com James Brown. Desde meados dos anos 50, ele de um lado e Sam Cooke de outro começaram a inventar a soul music. Brown fez com suas misturas de gospel e rhythm’n’blues e sob influência dos rocks de Little Richards um caldeirão de ritmos alucinadamente dançantes e com letras bombásticas, como nos sucessos “I Got You (I Feel Good)” ou “Get Up (I Feel Like Being A) Sex Machine”.






O documentário "Standing in the Shadows of Motown" retrata
a trajetória dos Funk Brothers, banda que tocou os principais
sucessos junto com os astros da soul music nos anos 60 e 70




Com sua impressionante voz, reconhecida como
uma das melhores da história da música popular,
Aretha Franklin é considerada a "Rainha do Soul"


Marvin Gaye foi um dos ícones e um dos
mais populares artistas da "soul music"
com suas baladas românticas e sensuais











O surgimento e o sucesso da soul music foram simultâneos ao desenvolvimento do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. A luta contra a segregação racial resultou em mudanças nas legislações racistas no país e no fortalecimento do movimento pela valorização da cultura negra. Além disso, as ações políticas dos negros ganharam peso com as atuações pacifistas do reverendo Martin Luther King Jr e a movimentação nem um pouco pacifista da organização política Panteras Negras, adepta do lema “black power”

Produto direto desses momentos efervescentes e dessa busca pelas conquistas sociais, econômicas e políticas nos anos 60 e 70, a soul music oferecia um repertório composto em sua maior parte por baladas que têm o amor como tema central. Mas havia também canções “engajadas” que enfatizavam o orgulho da herança africana e as precárias condições de vida enfrentadas pela grande maioria dos negros americanos.

O sucesso que a soul music fez a partir dos anos 60 acompanhou as conquistas dos negros na sociedade americana. Ao mesmo tempo em que as canções do gênero ocupavam os primeiros lugares das paradas de sucesso nos Estados Unidos, e também no Reino Unido, surgiram novas oportunidades econômicas e de participação política, mudanças culturais e ações concretas que eliminaram as legislações segregacionistas.

Nessa era de ouro da soul music, algumas músicas e artistas viraram fenômenos. Um deles foi Marvin Gaye, com suas canções com forte conotação sexual, como “Let’s Get It On” e “Sexual Healing” (já no início dos anos 80). Aretha Franklin com sua notável voz oriunda da canção gospel tornou-se a “Rainha do Soul”, a partir de sucessos como “Respect” e “I Say a Little Prayer”. Outra migração bem-sucedida do gospel para o pop da soul music foi a do dueto Sam & Dave. Os cantores Sam Moore e Dave Prater chegaram ao número um das paradas de rhythm’n’blues com as canções “Hold On, I’m A-Comin” e “Soul Man”. Liderado por Diana Ross, o grupo vocal feminino Supremes emplacou sucesso atrás de sucesso nos anos 60, como “Baby Love” e “Stop! In the Name of Love”. Ainda na linha de baladas românticas, que reuniam melodias perfeitas e a beleza lírica das letras, destacaram-se nessa época Ray Charles, Sam Cooke, Dionne Warwick, Temptations e Otis Redding. A soul music reuniu uma geração de incomparáveis compositores, intérpretes e músicos. Um marco não só na história da música negra como de toda a cultura pop.



No meio do sucesso da soul music que ele fez nascer, Brown começou a inventar um novo ritmo, o funk, e com ele uma nova forma de dançar. Uma versão anárquica do soul com ênfase na sonoridade do baixo e da percussão, o funk iniciou um novo ciclo de influências da black music que desaguaria na disco music e no hip hop nos anos 70.

O funk inventado por James Brown, a versão mais energética, dançante e expansiva da soul music, misturou-se à onda psicodélica do final dos anos 60 e ingressou na década de 70 como um dos gênero mais populares. O sucesso de artistas e grupos como George Clinton e Funkadelic, Earth, Wind & Fire, Kool & The Gang, Commodores , Jackson 5, entre outros ditou uma nova moda com suas roupas coloridas, cabelos black power e danças coreografadas. Isso, no entanto, não ofuscou a soul music composta por baladas românticas que continuava a produzir hits através de Marvin Gaye, Roberta Flack, Diana Ross, Al Green, Stevie Wonder e Barry White.

Nessa trajetória, a música negra não deixou para trás seu engajamento. Um dos pontos altos desse compromisso foi o Wattstax, um megaconcerto, uma espécie de versão da música negra para Woodstock. Realizado no Memorial Coliseum, de Los Angeles, em 1972, o show relembrou os conflitos raciais que tomaram conta do bairro de população majoritariamente negra de Watts, na região sul de Los Angeles, e que resultaram na morte de 34 pessoas. Promovido pela gravadora Stax, de Memphis, o concerto reuniu alguns dos principais nomes da música negra do gospel ao blues, do soul ao funk, com destaque para a participação de Isaac Hayes.

Além de manter seu engajamento, a música negra norte-americana conseguiu também nos anos 70 expandir suas influências em outras culturas. Durante aquela década, ela passou a ser tão influente como os outros gêneros que dominavam o mercado da música popular jovem. No começo da década de 70, os britânicos desenvolveram a sua própria versão da soul music, o northern soul (é bom lembrar que nos anos 60, os ingleses já haviam recuperado o blues norte-americano ao incorporá-lo ostensivamente aos rocks de Rolling Stones, Eric Clapton, The Who e Led Zeppelin, por exemplo). As influências dos sucessos da Motown e o desenvolvimento de uma cultura de bailes principalmente na região central do Reino Unido provocaram o surgimento dessa versão britânica para o soul norte-americano.


Um exemplo do fenômeno northen soul 
está retratado no filme “The Commitments”
 (1991, direção de Alan Parker).

E no Brasil? No Brasil, a influência da soul music estava presente desde o final dos anos 60, nas canções de Jorge Ben e Wilson Simonal. Em 1970, com o retorno de Tim Maia dos Estados Unidos, trazendo na bagagem toda sua experiência com a black music norte-americana, o gênero se firmou no país. Naquele ano, ele lançou seu primeiro disco que trouxe sucessos como “Azul da Cor do Mar” e “Primavera”. Ainda em 70, Toni Tornado venceu a fase nacional do V Festival Internacional da Canção com o soul “BR-3”. As influências do funk de James Brown e de outros astros da soul music internacional, misturadas a gêneros tipicamente nacionais como o baião e o samba, fariam Tim Maia, Toni Tornado, Jorge Ben e outros artistas como Hyldon e Cassiano produzirem ao longo da década de 70 um repertório de clássicos da black music brasileira. Entre os principais sucessos dessa época estão canções como “A Lua e Eu”, “Na Chuva, na Rua, na Fazenda”, “Gostava Tanto de Você” e “Não Quero Dinheiro (só quero amar)”.








Em meados dos anos 70, com o crescimento da cena dos bailes nas periferias do Rio de Janeiro, o movimento Black Rio ganhou notoriedade nacional e, com o interesse das gravadoras no novo som, surge a figura de Gerson King Combo. Gérson consegue gravar seus dois discos de maior sucesso - Gerson King Combo, de 1977, e Gerson King Combo - Volume II, de 1978 - conseguindo sucesso radiofônico e nos bailes, com "Mandamentos Black", "God Save the King", "Funk Brother Soul" e "Good Bye". Com o esmorecimento do movimento, Gérson abandona a carreira artística e passa a trabalhar como produtor de eventos. É redescoberto no final da década de 1990 e passa a fazer shows e gravar novamente, lançando mais dois álbuns. É considerado um dos principais nomes da música negra brasileira, juntamente com Tim Maia, Hyldon e Cassiano.



A trajetória da soul music influenciou na segunda metade da década de 70 o surgimento da disco music, ou música de discoteca, e principalmente do rap e da cultura hip hop. A música de discoteca surge como uma versão mais branda do funk e menos engajada do que o soul dos anos 60. Feita para divertir e dançar, ela traz o suingue típico da black music e é propositadamente superficial e sensual. 

A partir dos anos 80, as características dançantes e a sonoridade da soul music continuaram a influenciar os trabalhos de artistas como Prince e Lenny Kravitz.

Outro artista com grande influencia da soul music foi Michael Jackson que teve como sua principal fonte de inspiração James Brown, indo do soul e funk dos Jackson 5 a "Rei do Pop", sem abandonar o swing da black music.



Já outra herança do soul nos anos 70 é o rap (rhythm and poetry - ritmo e poesia). Popularizado em Nova Iorque como uma mistura do funk com os “toasters” (espécie de discurso normalmente engajado em temas sociais) dos DJs de reggae, e baseado no uso dos sound systems, conforme a tradição dos guetos jamaicanos, o rap tornou-se o elemento central do hip hop, um fenômeno cultural que se estenderia pelas décadas seguintes.

A black music, do spiritual ao rap, tem demonstrado a vitalidade e a inventividade da cultura negra nos Estados Unidos, a partir do contínuo processo de transformação e atualização dela com elementos de outras culturas. Um processo que se iniciou com o sincretismo das tradições africanas levadas pelos escravos com a cultura européia e cristã. Sua força é tal que ela tem sido a base dos principais gêneros da música popular, culminando na House Music, que têm dominado o mercado mundial.




A blaçk music ainda hoje continua fortalecida, com novas figuras na cena Soul entre elas Amy Winehouse, Adele, Bruno Mars, entre muitos outros. 

Independente de gostos e estilos, a verdade é que assim como no Brasil e no resto do mundo toda a música considerada como popular (Samba, Funk, Miami, Freestyle, Hip Hop, Disco, House, etc) de certa forma teve influência na black music, várias figuras da black music não foram citadas nesse texto, até porque para falar de todos esse espaço é insuficiente. 



domingo, 6 de março de 2016

Esse cara é "Chic" - Joga em todas

Nile Rodgers Gregory, nascido na América em 19 de setembro de 1952, é músico, produtor e guitarrista. Ele é membro guitarrista e co-fundador com Bernard Edwards da Banda Chic, que na ativa desde 1976 é um dos grupos mais bem sucedidos da era disco.

Embora tenha gravado três álbuns solo Durante os anos 1980 e 1990, Rodgers obteve mais sucesso produzindo e performando com muitos artistas como Sister Sledge, Diana Ross, Tina Arena, David Bowie, Duran Duran (foi o compositor do grande sucesso "Notorious"), Madonna (produtor do segundo álbum que alavancou a sua carreira "Material Girl"), INXS, Britney Spears e, mais recentemente, Daft Punk, Pharrell Williams, Avicii, Sam Smith, Pitbull, Lady Gaga, Kylie Minogue, Nervo e Laura Mvula.

Anos 70

Nile conheceu o baixista Bernard Edwards em 1970, quando ambos trabalhavam como músicos em turnê para o show no palco Sesame Street. Juntos eles formaram a Big Apple Band, e trabalharam como músicos de background para o grupo Vocal "I´m  Doin Fine Now" de Nova York, um hit lhes permitiu uma turnê extensa abrindo shows para "The Jackson 5" durante sua primeira turnê mundial em 1973. A banda se dissolveu depois de que o seu segundo álbum não conseguiu produzir um hit, mas Nile e Bernard juntaram forças com o baterista Tony Thompson formando a banda Funk/Rock "The Boys", com vários shows espalhados pela Costa Leste. Apesar do grande interesse em suas demos, eles não conseguiram emplacar um LP depois que as gravadoras descobriram que eles eram negros, como eles pensavam que artistas de rock negros seria muito difícil de promover. A banda continuou tocando na maior parte dos bares locais.

Formação do Chic

Com a denominação "Apple Big Band", Rodgers e Edwards trabalharam com Ashford & Simpson, Luther Vandross, e muitos outros. Como um outro artista de Nova York, Walter Murphy, tinha uma banda também chamada The Big Apple Band, Rodgers e Edwards foram forçados a mudar o nome de sua banda para evitar confusão. Assim, em 1977 a banda foi rebatizada como "Chic"

Em 1970 a formação do grupo "Chic" foi Luci Martin, Nile Rodgers, Bernard Edwards e Alfa Anderson. Entre os shows, eles gravaram seu primeiro álbum com "Luther Vandross", que forneceu "backing vocal" nas primeiras gravações do grupo. A banda Marcou os dez melhores hits e o álbum ajudou a impulsionar a novos níveis de popularidade.





Canções no topo das paradas como "Le Freak", "I Want Your Love", "Everybody Dance", "Dance, Dance, Dance", "My Forbidden Lover" e "Good Times" tornaram-se referências club / Pop / R & B.





O sucesso dos primeiros singles do Chic levou a Atlantic a oferecer para Rodgers e Edwards oportunidade de produzir artistas de sua lista. Eles escolheram Sister Sledge, cujo álbum de 1978, We Are Family, alcançou a posição 3 e permaneceu bem nas paradas em 1979 com os dois primeiros singles, "He's the Greatest Dancer" e a faixa título "We Are Family" (que também teve Luther Vandros nos backing vocals) respectivamente na parada pop.



Como som apurado do grupoo Chic tornou cada vez mais procurado, Rodgers e Edwards começaram a produzir trabalhos de inúmeros artistas, em conjunto ou individualmente.

Anos 80

Rodgers e Edwards escreveram e produziram o álbum "Diana" para "Diana Ross", produzindo os grandes sucessos "Upside Down" e "I'm Coming Out" considerados hits do público Gay preferencialmente os negros. A canção "Good Times" do Chic desempenhou um papel crucial na explosão do "Hip Hop", como uma interpolação de linha de baixo e da seção de cordas do disco era o alicerce do "The Sugarhill Gang" para "Rapper's Delight" o primeiro multi-platina do gênero Hip Hop.





O Chic foi dissolvido em 1983 após o ultimo contrato com a Atlantic para o single e "Soup For One" (a trilha sonora do filme), "Soup For One" (O rif de "Soup For One" foi utilizado como base para a produção de "Lady (Hear Me Tonight)" um grande hit do grupo "Modjo"), quando Rodgers começou sua carreira solo.



Rodgers co-produziu  com"David Bowie" o seu álbum mais vendido  "Let's Dance" com vários hits incluindo "China Girl", "Modern Love" e a faixa-título, "Let's Dance". Ele produziu o single "Original Sin" do INXS. Rodgers trabalhou por muito tempo com o grupo "Duran Duran" depois de remixar seu hit com o maior sucesso de vendas, "The Reflex". Dizia-se que Rodgers havia se tornado um membro do "Duran Duran" quando eles lançaram o álbum "Notorious", mas ele só agiu como um co-produtor e músico no álbum.





Nesse mesmo ano, produziu "Like a Virgin" o álbum mais bem sucedido de "Madonna", colocando a sua assinatura em dois hits "Material Girl" e a faixa título do álbum, "Like a Virgin". O álbum teve uma reunião não oficial de membros do núcleo do Chic, com Rodgers, Edwards, o baterista Tony Thompson e tecladista Robert Sabino. 



Rodgers também atuou em estúdio com Robert Plant no álbum The Honeydrippers, Peter Gabriel, Kim Carnes, The Fly e Bryan Ferry.

Em 1985, Rodgers produziu álbuns para Sheena Easton, Jeff Beck, Thompson Twins, Mick Jagger, e muitos outros, enquanto ainda encontrava tempo para se apresentar no ao vivo com Madonna e Thompson Twins. Fechando o ano, ele foi premiado com o #1 produtor de singles do mundo pela revista Billboard.

Anos 90

Em Setembro de 1990, a Epic lançou o Vaughan Brothers e Rodgers produziu o álbum, Family Style, logo após a morte prematura do virtuoso guitarrista Stevie Ray Vaughan. No início de década ele também produziu projetos para David Bowie, Eric Clapton, The B-52s, David Lee Roth, Ric Ocasek, The Reed Rede Dan, Cathy Dennis, Patty Griffin, Jimmie Vaughan, The Stray Cats e muitos outros artistas, a trilha sonora de Thelma e Louise, World Cool and The Beavis e Butt-Head Experience. Depois de uma festa de aniversário 1992 Onde Rodgers, Bernard Edwards, Paul Shaffer e Anton Fig o velho Chic atinge uma resposta arrebatadora. Rodgers e Edwards formam uma nova versão do Chic. Eles gravaram uma reformulação do material para o álbum Chic-Ism tocada ao vivo em todo o mundo.

Em 1995, tocou na faixa "Money" para o álbum "History" de Michael Jackson.

Em 1996, Rodgers lançou o álbum Chic Anormal, contendo regravações de antigos materiais com vocalistas convidados, incluindo Ashford e Simpson, Taja Sevelle, Simon Le Bon e Christopher Max.

Em 1997, "Notorious BIG" lançou "Mo Money Mo Problems" utilizando a base da música "I'm Coming Out" produzida por Rodgers, para o álbum de platina em 1980 de Diana Ross. "Mo Money Mo Problems" ficou no topo da Billboard Hot 100 por duas semanas e foi indicado para o Grammy Award de melhor performance Rap em 1998.

Anos 2000

Rodgers se dedicou em projetos de trilha sonora, filmes e jogos de vídeo. Entre eles estavam: Rush Hour 2, Snow Dogs e Semi-Pro, estrelado por Will Ferrell, que co-escreveu a canção-título "Love Me Sexy" de Rodgers.

O Chic foi indicado ao Rock & Roll Hall of Fame 10 vezes - 2003, 2006, 2007, 2008, 2009, 2011, 2013, 2014, 2015 e 2016. 

Nos últimos anos, tem colaborado com uma série de músicos incluindo o seus três Grammy Award 2014 na colaboração vencedora com Daft Punk, Avicii, Disclosure, Sam Smith entre muitos outros.

Em outubro de 2011, Rodgers com o cantor Adam Lambert trabalhou em Nova York em uma canção intitulada "Shady" para o segundo álbum de Lambert, Trespassing. Ambos Rodgers e Lambert twittou com entusiasmo sobre a colaboração, e Rodgers também mencionou em seu blog Planeta C.

Em fevereiro de 2012, Rodgers anunciou que estava colaborando com a banda eletrônica "Daft Punk" para seu último álbum, "provocando as suas influências de R & B". Durante uma entrevista ao vivo para o UMFTV no Festival de Música 2013 Ultra em Miami, Rodgers confirmou que estava trabalhando com Daft Punk, bem como na gravação de algumas faixas com Avicii, e mencionou o trabalho com Chase & status e Felix da Housecat.



Além de participar nas músicas "Mandou Bem" e "Blecaute (part. Anitta)" com a banda brasileira "Jota Quest".



Em novembro de 2013 deu uma entrevista à BBC News a falar sobre os Daft Punk, Madonna, Diana Ross e sobre ter vencido o câncer.[1]

Rodgers co-escreveu e tocou guitarra em três faixas no álbum Disclosure do Daft Punk: "Give Life Back to Music", "Lose Yourself to Dance" e "Get Lucky" que em 2014 foi incluido no setlist dos shows ao vivo do Chic.



Homenagem - 20ª Festa dos Amigos - Família Canella

MARVIN GAYE

Marvin Gaye (Washington, 2 de abril de 1939 — Los Angeles, 1 de abril de 1984), nascido Marvin Pentz Gay, Jr., foi um cantor popular de soul e R&B, arranjador, multi-instrumentista, compositor e produtor. Ganhou fama internacional durante os anos 60 e 70 como um artista da gravadora Motown.
O início da carreira do cantor foi em 1961, na Motown, onde Gaye rapidamente se tornaria o principal cantor da gravadora e emplacaria numerosos sucessos durante os anos sessenta, entre eles "Stubborn Kind of Fellow", "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", "I Heard It Through the Grapevine" e vários duetos com Tammi Terrell, incluindo "Ain't No Mountain High Enough" e "You're All I Need to Get By", antes de mudar sua própria forma de se expressar musicalmente. Gaye é importante por sua luta por produzir seus sucessos, mas criativamente restritivo - no processo de gravação da Motown, intérpretes, compositores e produtores eram geralmente mantidos em áreas separadas.
Com seu bem-sucedido álbum What's Going On, de 1971, e outros lançamentos subsequentes - includindo Trouble Man, de 1972, e Let's Get It On, de 1973, Gaye, que vez ou outra compunha canções para artistas da Motown no início da sua carreira, provou também que poderia tanto escrever quanto produzir seus próprios discos sem ter de confiar no sistema da Motown. Ele é também conhecido por seu ambientalismo, talvez mais evidente na canção "Mercy Mercy Me (The Ecology)".
Durante os anos setenta, Gaye lançaria outros notáveis álbuns, includindo Let's Get It On e I Want You, além de ter emplacado vários sucessos, como "Let's Get It On" e "Got to Give It Up". Já no começo dos anos oitenta, seria a vez do hit "Sexual Healing", que lhe rendeu - antes de sua morte - dois prêmios Grammy. Até o momento de ser assassinado pelo seu pai, em 1984, Gaye tinha se tornado um dos mais influentes artistas da cena soul. Em 1996, Gaye foi homenageado na 38º cerimônia do Grammy Awards.
A carreira de Marvin tem sido descrita como uma das que "abarcam toda a história do R&B, do doo-wop dos anos cinquenta ao soul contemporâneo dos anos oitenta."[2] Críticos têm também afirmado que a produção musical de Gaye "significou o desenvolvimento da black music a partir do rhythm'n blues, através de um sofisticado soul de consciência política nos anos setenta e de uma abordagem maior em assuntos de cunho pessoal e sexual.
Marvin Gaye nasceu no Freedman's Hospital, em Washington, D.C.. Ele foi o primeiro filho e o segundo mais velho de quatro filhos do pastor evangélico Marvin Pentz Gaye Sr. e da professor/dona-de-casa Alberta Cooper. Com as irmãs Jeanne e Zeola e o irmão mais novo Frankie, viviam na zona segregada da capital norte-americana, no bairro da Deanwood (nordeste da cidade). Ainda novo, ele era carregador de tacos de golfe no Norbeck Country Club, em Olney, Maryland. O pai de Gaye pregava com pastor na Igreja Adventista do Sétimo Dia chamada House of God (a "Casa de Deus"), que tinha um rigoroso código de conduta misturado a ensinamentos do judaísmo ortodoxo e pentecostalismo. Crescendo na igreja de seu pai, Marvin começou a cantar desde cedo no coral - aos 3 anos - e a tocar instrumentos. A música era uma espécie de válvula de escape para o jovem, que durante toda a infância costumava apanhar do pai diariamente. Durante o tempo em que esteve na high school, Marvin começou a ouvir doo-wop e ingressou no DC Tones como um baterista.[5] Após abandonar a Cardozo High School, Gaye alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos. Após o fingimento de uma doença mental,[6] ele foi dispensado por ter se recusado a seguir ordens.
Após abandonar as Forças Aéreas em 1957, Gaye começou sua carreira musical em vários grupos doo wop, fixando-se em um popular grupo de Washington DC, chamado The Marquees. Com Bo Diddley, os Marquees lançaram o single "Wyatt Earp" em 1957 pela gravadora Okeh e foram então contratados por Harvey Fuqua para o grupo The Moonglows. "Mama Loocie", lançada em 1959 pela gravadora Chess, foi o primeiro e único single de Gaye com os Moonglows. Junto com os Moonglows, Gaye assimilou várias técnicas, utilizadas posteriormente, nos álbuns que produziria. E foi com ajuda dessa banda que ele foi apresentado a empresários da cena musical. Depois de um concerto em Detroit, o "novo" Moonglows foi dissolvido e Fuqua apresentou Gaye a Berry Gordy, presidente da Motown Records. Ele contratou Gaye primeiramente como baterista de estúdio, para tocar para grupos como The Miracles, The Contours, Martha and the Vandellas, The Marvelettes, entre outros. Gaye tocou bateria para as Marvelettes na canção "Please Mr. Postman", em 1961, e para a versão ao vivo de Little Stevie Wonder para a canção "Fingertips Pt. 2", de 1963. Ambas canções alcançaram o primeiro lugar na parada norte-americana da Billboard.
Depois de iniciar sua carreira na Motown, Gaye mudou seu nome de Marvin Gay para Marvin Gaye, acrescentando o '"e"' para se separar do nome de seu pai, para encerrar os boatos em curso em torno de sua sexualidade e ainda para imitar seu ídolo, Sam Cooke, que havia também acrescentado um 'e' ao seu sobrenome.[8] Gaye desejava gravar para a Motown, mas Berry Gordy tinha receio quanto ao cantor, devido ao fato de que Gaye não costumava seguir as ordens sobre as quais a gravadora queria que ele cumprisse. De acordo com um documentário do canal de televisão VH1, a namorada de Marvin - e irmã de Berry -, Anna Berry Gordy, convenceu o irmão a assinar com Gaye. Berry concordou em deixar que Marvin gravasse versões pop-contemporâneas de baladas românticas baseadas no jazz.
Popular e querido dentro da Motown, Gaye já carregava com ele uma maneira sofisticada e cavalheiresca e tinha pouca necessidade de treinamento no setor de desenvolvimento artístico da gravadora - embora tenha seguido o conselho do diretor dessa divisão, Maxine Powell, de não cantar de olhos fechados, para não parecer que tinha adormecido". Em junho de 1961, foi lançado a primeira gravação solo de Gaye, The Soulful Moods of Marvin Gaye. Foi o segundo LP lançado pela Motown - o primeiro foi o Hi… We're The Miracles, o primeiro disco dos Miracles. Apesar das faixas "How Deep Is the Ocean?" e "How High the Moon" terem sido elogiadas pela crítica pela profundidade das harmonias e melodias, o álbum de Gaye fracassou e nem chegou às paradas norte-americanas. Marvin ainda tinha dificuldades em descobrir seu jeito próprio de cantar, que ele desejava que fosse o mais próximo de Nat King Cole, um dos ícones do jazz, estilo que predomina no primeiro disco solo de Marvin. A Motown queria que o cantor se direcionasse para melodias da soul music, mais populares e atraentes no mercado fonográfico.
Depois de discutir sobre a direção de sua carreira com Berry Gordy, Gaye - relutante - concordou em gravar mais canções de R&B de seus colegas de gravadora e outros três novos escritos pelo próprio Gordy. Seu primeiro single lançado, "Let Your Conscience Be Your Guide", construída sobre uma vibração de Ray Charles, fracassou nas paradas - tendo o mesmo ocorrido com as canções "Sandman" e "A Soldier's Plea", todas de 1962. Ironicamente, Gaye encontraria o sucesso primeiramente como compositor da canção "Beechwood 4-5789", gravada pelas Marvelettes em 1962. Finalmente naquele mesmo ano, o single "Stubborn Kind of Fellow" rendeu algum sucesso e chegou ao Top 10 R&B dos Estados Unidos. Co-escrita por Gaye e produzida pelo amigo William "Mickey" Stevenson, a gravação contou com a participação das recém-contratadas Martha and the Vandellas (então conhecidas como The Vells) e foi uma espécie de desabafo autobiográfico sobre o comportamento indiferente e deprimido de Gaye. Na sequência de "Stubborn Kind of Fellow" vieram, em 1963, outros três singles: as dançantes "Hitch Hike" e "Can I Get a Witness", que chegaram ao Top 30 Pop da Billboard, e a balada romântica "Pride and Joy", primeira canção de Gaye a chegar ao Top 10 Pop.
Apesar do cantor começar a encontrar o caminho do sucesso, Marvin ainda brigava com a Motown para ser um cantor de baladas românticas e sofisticadas, diferentemente da linha da gravadora que esperava de seus artistas os grandes hits. Batalhas entre a opção artística de Marvin e a demanda por produtos comerciais da Motown seriam frequentes ao longo dos anos e marcariam o relacionamento entre o cantor e a gravadora, já que as insistentes cobranças do selo por um trabalho mais comercial eram incompatíveis com as ambições artísticas de Gaye.
O sucesso continuaria em 1964 com os singles "You Are a Wonderful One" (que contou com o trabalho vocal de fundo do grupo The Supremes), "Try It Baby" (que contou com vocais de fundo do grupo The Temptations), "Baby Don't You Do It" e "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", que tornou-se sua primeira composição de sucesso. Durante este fase inicial de sucesso, Gaye ainda contribuiu com o grupo Martha and the Vandellas, sendo autor da letra do hit "Dancing in the Street", sucesso naquele mesmo ano. Gaye também conseguiu figurar nas paradas com o álbum Together, um disco de duetos com a cantora Mary Wells. A dupla emplacou os singles "Once Upon a Time" e "What's the Matter With You, Baby?". Como artista solo, Gaye continuou a desfrutar de um grande sucesso e seu LP Moods of Marvin Gaye, de 1966, do qual participou Smokey Robinson, colocou os singles "I'll Be Doggone" e "Ain't That Peculiar" tanto o Top 10 Pop da Billboard quanto no topo - pela primeira vez na carreira do cantor - da parada R&B norte-americana. Com Kim Weston, sua segunda parceria de dueto, foi lançado "It Takes Two", canção que chegou ao Top 20 Pop e ao quarto lugar na lista de R&B da Billboard. Marvin Gaye se estabelecia como um dos principais artistas na era dos duos. Seu sucesso como cantor solo também lhe concedeu o status de ídolo da juventude, assim como ele se tornou um dos artistas prediletos nos principais shows adolescentes - entre os quais, American Coreto, Shindig!,Hullaballoo e The Mike Douglas Show. Ele também se tornou um dos poucos artistas da Motown a se apresentar no Copacabana - e um álbum seu gravado na casa demoraria três décadas para ser lançado.
Uma série dos sucessos de Gaye pela Motown foram duetos com artistas femininas, tais como Mary Wells e Kim Weston. O primeiro LP do cantor a aparecer nas listas da Billboard foi o Together, de 1964, disco de duetos com Wells. No entanto, a parceira mais popular e memorável de Marvin foi Tammi Terrell. Gaye e Terrell tinham um bom relacionamento e o álbum de estréia da dupla, United, lançado em 1967, gerou uma série de sucessos, como "Ain't No Mountain High Enough", "Your Precious Love", "If I Could Build My Whole World Around You" e "If This World Were Mine".
A dupla de compositores Nickolas Ashford e Valerie Simpson, que eram também casados, forneceu as letras e a produção para as gravações de Gaye/Terrell. Enquanto Gaye e Terrell não formavam um casal de namorados - embora rumores persistam de que eles podem ter tido um caso anteriormente -, eles atuavam como verdadeiros amantes nas gravações. De fato, Gaye às vezes declarava que pela duração das canções ele estava apaixonado por ela. Mas ainda naquele ano, o sucesso da parceria foi tragicamente encurtado. Em 14 de outubro, Terrell desmaiou nos braços de Gaye, enquanto eles se apresentavam no Hampton Institute (hoje Hampton Universit), em Hampton, Virginia. Era o primeiro sintoma de um tumor cerebral, diagnosticado em exames realizados posteriormente, e que continuaria a debilitar a saúde de Tammi.
A Motown decidiu tentar e continuar as gravações da dupla Gaye/Terrell. Em 1968, a gravadora lançou You're All I Need, o segundo LP da dupla, que se destacou pelos sucessos de "Ain't Nothing Like the Real Thing" e "You're All I Need to Get By". No ano seguinte foi lançado Easy, o último álbum da dupla. A deterioração da saúde de Terrell a impediu de concluir as gravações de estúdio e a maior parte dos vocais femininos teriam sido gravados por Valerie Simpson. Duas faixas do LP eram canções arquivadas da carreira solo de Terrell e foram mixadas com a voz de Gaye.
A doença de Tammi Terrell deixou Gaye em profunda depressão; quando sua canção "I Heard It Through the Grapevine" (inicialmente gravada em 1967 por Gladys Knight & The Pips) chegou ao primeiro lugar da principal lista da Billboard - além de ter também sido o single mais vendido da história da Motown, com quatro milhões de cópias -, ele se recusou a reconhecer seu sucesso, sentindo que ele era imerecido. O trabalho com o produtor Norman Whitfield, que havia produzido "Grapevine", resultou em outros dois sucessos similares: "Too Busy Thinking About My Baby" e "That's the Way Love Is". Entretanto, o casamento de Gaye estava ruindo e ele continuava a sentir que seu trabalho artístico era completamente irrelevante. Frente às transformações sociais que chacoalhavam os Estados Unidos naquele período.
Ao mesmo tempo que Marvin cantava interminavelmente sobre o amor, a música popular norte-americana passava por uma grande revolução, abordando em suas letras as questões sociais e políticas daqueles anos. Desejando ter independência criativa, Marvin foi liberado pela Motown para produzir as gravações de estúdio das bandas The Originals, cujo resultado apareceu nos hits "Baby I'm For Real" e "The Bells".
Em 16 de março de 1970, Tammi Terrell morreu em decorrência do tumor cerebral e deixou Marvin devastado. Durante o funeral da parceira, Marvin estava tão sensível que ele conversava com o corpo de Tammi como que esperando por uma resposta dela. Imediatamente, Gaye mergulhou em um auto-isolamento e ficou sem se apresentar ao vivo por quase dois anos. Gaye contou a amigos que havia pensado em deixar a carreira musical, à ponto até de tentar ingressar no futebol americano e jogar no Detroit Lions (onde ele encontrou os colegas Mel Farr e Lem Barney), mas depois de seu sucesso produzindo os Originals, Gaye estava confiante em criar sua própria gravadora. Como resultado disso, ele entrou nos estúdios em 1 de junho de 1970 para gravar as canções "What's Going On", "God is Love", "Sad Tomorrows" - uma versão inicial da canção "Flying High (In the Friendly Sky)". Gaye queria lançar "What's Going On" como single, mas Berry Gordy recusou-se, alegando que a canção não era viável comercialmente. Gaye recusou-se a gravar qualquer outra canção até que o presidente da Motown cedesse, o que ocorreria em janeiro de 1971. O sucesso do single surpreendeu Gordy, que requisitou um álbum com canções similares.
O álbum What's Going On tornou-se um dos mais importantes da carreira de Gaye e é até hoje seu trabalho mais conhecido. Tanto em termos de som (influenciada pelo funk e pelo jazz) e de conteúdo das letras (fortemente espiritual), o álbum representou uma aproximação com seus trabalhos iniciais na Motown. Além da faixa-título, "Mercy Mercy Me" e "Inner City Blues (Make Me Wanna Holler)" atingiram o Top 10 Pop Hits e o primeiro lugar da lista R&B da Billboard. Considerado como um dos mais notáveis discos da história da soul music norte-americana, o álbum conceitual de Gaye foi um divisor de águas para esse gênero musical. Ele já foi chamado de "a mais importante e apaixonada gravação já lançada da música soul, entregue por uma de suas melhores vozes".
Com o sucesso do álbum What's Going On, a Motown renegociou um novo contrato com Marvin que permitiu a ele o controle artístico de seu trabalho, no valor de US$1 milhão, fazendo do cantor o mais bem pago artista negro da história da música. Além disso, Gaye ajudou a libertar o trabalho criativo de outros artistas da Motown, entre os quais Stevie Wonder. Ainda naquela época, Marvin mudou-se de Detroit para Los Angeles em 1972 após receber uma proposta para escrever a trilha-sonora para um filme blaxploitation. Escrevendo as letras, criando os arranjos e produzindo o LP para o filme Trouble Man, Marvin lançou o álbum e a canção homônimas, que atingiram o Top 10 Pop da Billboard em 1973. Depois de passar por um período complicado quanto aos rumos de sua carreira, Marvin decidiu mudar o conceito lírico das composições. O LP Let’s Get it On trazia uma temática menos social e mais pessoal da vida de Marvin. Conflitos com o pai, dúvidas existenciais e questões sobre a vida particular do compositor fazem parte do álbum. O LP foi um dos trabalhos mais bem sucedidos de sua carreira e o seu maior sucesso de vendas, superando What's Going On. A faixa-título chegou ao topo da parada pop da Billboard e bateu o recorde de vendagens da Motown, que pertencia ao próprio Marvin com "I Heard It Through the Grapevine". Outros destaques do LP foram as canções "Come Get to This", "You Sure Love to Ball" e "Distant Lover".
Gaye começou a trabalhar naquele que seria seu último álbum dueto, desta vez com Diana Ross. O projeto do LP Diana & Marvin teve início em 1972, mas houve atrasos no andamento do álbum. Com Diana grávida pela segunda vez, Gaye recusava-se a cantar se ele não pudesse fumar no estúdio. Então, os dois realizaram as gravações em dias separados. Lançado no segundo semestre de 1973, o álbum rendeu vários sucessos, entre os quais "You're a Special Part of Me", "My Mistake (Was to Love You)" e as versões para "You Are Everything" e "Stop, Look, Listen (To Your Heart)", ambas hits do grupo The Stylistics.
Em 1975, Gaye começou a pensar em seu próximo disco solo, mas o divórcio com Anna Gordy tomou boa parte do seu tempo. O fim do casamento levou Gaye a várias audiências nos tribunais. O disco I Want You foi finalizado somente no ano seguinte. O álbum levou a faixa-título I Want You ao topo da parada R&B da Billboard.

Em 1977, a Motown lançou o single de "Got to Give It Up", que se tornou primeiro lugar nas lista Pop, R&B e Dance da Billboard, e o LP ao vivo Live at the London Palladium, álbum que vendeu em torno de duas milhões de cópias - se tornando um dos mais vendidos daquele ano. No ano seguinte, finalmente Gaye consegue se divorciar de sua primeira esposa Anna. Como resultado do acordo judicial, Gaye foi ordenado a pagar pensão alimentícia - ele concordou em ceder parte de seu salário e das vendas do seu álbum seguinte para pagar essa pensão. O resultado foi o LP duplo Here, My Dear, que explorou o relacionamento do casal em detalhes tão íntimos que quase levou Anna a processá-lo por invasão de privacidade, mas ela desistiu dessa decisão. O LP fracassou nas listas de sucesso e Gaye se esforçou para vender o disco. Em 1979, Gaye se casou pela segunda vez, agora com Janis Hunter, com quem teve dois filhos, Frankie e Nona), e começou a trabalhar em um novo álbum, Lover Man. Mas o projeto foi abortado depois do fracasso do single "Ego Tripping Out". Reclamando de problemas com impostos e de vício em drogas, Gaye pediu falência e se mudou para o Hawaii, onde ele vivia em um furgão.
Em 1980, ele assinou com o promotor britânico Jeffrey Kruger para realizar concertos no Reino Unido. Mas Gaye não conseguiu chegar em tempo ao palco. Quando ele chegou, todos já haviam deixado o concerto. Em Londres, Marvin trabalhou no LP In Our Lifetime?, uma complexa e profunda gravação pessoal. Quando a Motown lançou o disco em 1981, Gaye ficou lívido: ele acusou a gravadora de editar e remixar o álbum sem seu consentimento, lançando uma canção inacabada, "Far Cry", alterando a arte do LP que ele requisitara e removendo o ponto de interrogação do título (dessa forma, alterando sua conotação irônica).
Depois de oferecida uma nova chance em Ostend, Bélgica, Marvin mudou-se para lá ainda em 1981. Ainda perturbado pela decisão precipitada da Motown em lançar In Our Lifetime, ele negociou sua saída da gravadora e assinou com a Columbia Records no ano seguinte, onde lançou Midnight Love. O disco incluía o grande sucesso "Sexual Healing", que lhe rendeu seus primeiros dois prêmios Grammy (de Melhor Performance R&B Masculina e Melhor R&B Instrumental), em fevereiro de 1983. Ele também seria indicado aos mesmos prêmios no ano seguinte pelo LP Midnight Love. Também em fevereiro de 1983, Gaye fez uma apresentação memorável no All-Star Game da NBA, interpretando o Hino Nacional dos Estados Unidos. No mês seguinte, ele fez sua última apresentação para seu antigo mentor no concerto Motown 25, apresentando What's Going On. Depois, ele embarcou em uma turnê pelos EUA divulgando seu recente trabalho. Terminada a turnê, em agosto de 1983, ele estava atormentado por problemas de saúde - ele teve acessos de depressão e medo em torno de uma suposta tentativa de lhe tirarem a vida.
Quando a turnê foi encerrada, ele se isolou e se mudou para a casa de seus pais. Ele ameaçou cometer suicídio diversas vezes, depois de numerosas e amargas brigas com seu pai, o pastor evangélico Marvin Pentz Gay Sr. Em 1 de abril de 1984, um dia antes de completar seu 45º aniversário, Marvin foi assassinado com um tiro por seu próprio pai, após uma briga iniciada quando os pais de Gaye discutiam sobre a perda de documentos de negócios. A ironia é que Gaye foi morto por uma arma que ele próprio havia dado de presente para seu pai. Marvin Pentz Sr. foi condenado a seis anos de prisão, após ser declarado culpado por homicídio. A acusação de assassinato foi abandonada após médicos descobrirem que ele estava com um tumor cerebral. Marvin Pentz Sr passou o final de sua vida em um asilo, onde morreria de pneumonia em 1998.
Após alguns lançamentos póstumos, que fortaleceram a memória de Marvin na consciência popular, o cantor foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame em 1987. Mais tarde, também ao Hollywood's Rock Walk e, em 1990, ganharia uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.

Fonte: WikiPédia