BEM VINDO AO CLUBEDOVINYL!
Muito tempo se passou e ele continua por aí, forte como nunca. Os realmente fieis não o abandonam jamais e, enquanto respirarem, o bom e velho vinil continuará vivo.
É nosso dever manter essa tradição da boa música sempre viva.
Aos amantes do bom e velho vinil desejamos boas vindas.
Lojas de discos não são um estabelecimento comercial qualquer, mas um espaço cultural, um ponto de encontro, um centro comunitário, um laboratório de interatividade. Suprema curtição sabática, em geral matutina, mesmo em cidades à beira-mar, nelas nasceram e se forjaram muitas amizades, sensibilidades e vocações musicais. Mais que a loja de doces dos adultos, é uma catedral aural.
(Nellie McKay)
É nosso dever manter essa tradição da boa música sempre viva.
Aos amantes do bom e velho vinil desejamos boas vindas.
Lojas de discos não são um estabelecimento comercial qualquer, mas um espaço cultural, um ponto de encontro, um centro comunitário, um laboratório de interatividade. Suprema curtição sabática, em geral matutina, mesmo em cidades à beira-mar, nelas nasceram e se forjaram muitas amizades, sensibilidades e vocações musicais. Mais que a loja de doces dos adultos, é uma catedral aural.
(Nellie McKay)
terça-feira, 15 de outubro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
Isenção de tributação incidente sobre discos de vinil
"A super taxação do disco de vinil vem
sendo apontada como abusiva e sem motivo
por DJ´s, produtores e integrantes
da cultura musical eletrônica. Afirmam em manifesto
elaborado pela Comissão Aberta de Luta
Contra a super taxação do Vinil,
responsável por uma campanha nacional
contra a apontada tributação do disco de vinil
(material básico para o exercício da discotecagem)
seria excessivamente tributado, com isso
prejudicando no Brasil o exercício da profissão,
afetando “DJ´s”, produtores e músicos,
além disso obstando a evolução cultural como um todo."
Conforme denunciado junto à mídia nacional e comentado em diversas listas de discussões, o disco de vinil, material importado sem similar nacional (nossa indústria fonográfica deixou de adotar o formato em detrimento dos compact discs na década de 90) recolhe atualmente 60% de Imposto de Importação, mais ICMS (que varia de Estado para Estado por volta de 18%) mais US$10,00 de taxa alfandegária, pagos no valor de câmbio do dia. Tais alíquotas seriam injustas por prejudicar o exercício da profissão de DJ no Brasil, ao passo que tal produto não tem similar nacional. Entretanto, verifica-se que a legislação nacional estimula o exercício de uma profissão, e ademais concede isenção de Imposto de Importação para produto importado sem similar nacional, como veremos a seguir.
Analisando a questão sob enfoque jurídico, verifica-se que a Constituição Federal garante em seu art. 5º. a igualdade perante a lei (princípio da isonomia), e no inciso XIII do mesmo artigo a liberdade de ação profissional (direito individual). Atribui à União a competência de tributar a importação de produtos estrangeiros (art. 153, I). Também estatui a nossa Carta Magna em seu art. 179 que a ordem econômica é fundamentada na valorização do trabalho, observados, dentre outros, os princípios da livre concorrência, redução das desigualdades sociais e regionais e busca do pleno emprego (incisos IV, VII e VIII). No Parágrafo único do mesmo artigo, a Constituição assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica.
A nossa legislação infra-constitucional (Código Tributário Nacional) atribui ao Poder Executivo a possibilidade de alterar alíquotas e bases de cálculo, nos limites da lei (art. 21). O art. 176 do mesmo diploma legal condiciona a concessão de isenção à criação de lei.
Um dispositivo importante a favor do pleito contra a super taxação é o Decreto Lei no. 37/66, que regulamenta o Imposto de Importação, pois em seu art. 17 estabelece que a isenção do Imposto de Importação somente beneficia produto sem similar nacional em condições de substituir o importado. Para o julgamento da similaridade, o art. 18 do mesmo Decreto confere ao Conselho de Política Aduaneira o dever de formular critérios, gerais ou específicos, para julgamento da similaridade. O referido Conselho observará as seguintes normas básicas:
“I - preço não superior ao custo de importação em reais do similar estrangeiro);
II - prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de mercadoria;
III - qualidade equivalente e especificações adequadas”.
O disposto no Decreto-Lei no. 37/66 também coaduna com o pleito pró-vinil, pois se o mesmo concede isenção a produtos sem similar nacional, é perfeitamente viável a inclusão dos discos de vinil no caso do art. 17 (produto sem similar nacional). Para isso cabe ao Conselho de Política Aduaneira o julgamento da similaridade, procedimento sujeito às normas administrativas. Tal premissa é procedente devido à ausência de nossa indústria fonográfica nacional no mercado do disco de vinil, assim como os obstáculos financeiros impostos imotivadamente para a profissão de disc jockey (DJ). A função precípua do Imposto de Importação é harmonizar conflitos de comércio internacional (por isso é chamado de extrafiscal). Assim, o legislador lança mão desse recurso principalmente quando quer estimular as vendas de produtos nacionais, em detrimento de produtos importados
Isso significa que a campanha contra a taxação do disco de vinil condiz sobretudo com nosso preceito constitucional da isonomia (art. 5º. da Constituição Federal), que inclui a igualdade tributária, que no dizer do ilustre constitucionalista José Afonso da Silva:
“É necessário ter em vista que o sistema tributário é parte de um sistema econômico-social concreto, e qualquer teoria de uma tributação justa que não leve em conta a totalidade do sistema cai na abstração metafísica. (...) Não basta, pois, a regra de isonomia estabelecida no caput do art. 5º., para concluir que a igualdade perante a tributação está garantida. O constituinte teve consciência de sua insuficiência, tanto estabeleceu que ‘é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II)”
O mesmo autor ressalta o dispositivo contido no art. 145, §1º. da Constituição, cuja regra é sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.
No tocante à isonomia tributária, em concordância com o já citado José Afonso da Silva, o eminente Ruy Barbosa Nogueira preleciona que:
“Somente o imposto que seja organizado segundo princípios idênticos para todos que estejam vinculados às mesmas situações, isto é, de proporcionalidade à capacidade econômica de cada um, responde ao princípio de igualdade de direito e de justiça fiscal”.
Além do exposto, à guisa da Constituição, que purga pela valorização do trabalho pela ordem econômica e eleva como princípio o da busca pelo pleno emprego, a legislação federal (Código Tributário Nacional e Decreto-Lei no. 37/66) abarca a tese da aludida campanha.
O cenário atual, além de prejudicar a livre atividade econômica e o livre exercício profissional previstos na Constituição, de certo modo obsta a evolução cultural do Brasil como um todo, pois está repassando para toda uma classe artística um ônus financeiro além de sua capacidade contributiva, somando ao fato de que o disco de vinil é uma ameaça para a indústria nacional que produz unicamente compact discs, distorcendo como foi visto, a finalidade do imposto, que é extrafiscal.
O vinil já foi considerado um bem cultural como são os livros, sem taxação de impostos. Nos anos 90, devido aos softwares de computador que também usavam como mídia os CDs, passaram a ser taxados e os discos de vinil também foram incluídos.
Analisando a questão sob enfoque jurídico, verifica-se que a Constituição Federal garante em seu art. 5º. a igualdade perante a lei (princípio da isonomia), e no inciso XIII do mesmo artigo a liberdade de ação profissional (direito individual). Atribui à União a competência de tributar a importação de produtos estrangeiros (art. 153, I). Também estatui a nossa Carta Magna em seu art. 179 que a ordem econômica é fundamentada na valorização do trabalho, observados, dentre outros, os princípios da livre concorrência, redução das desigualdades sociais e regionais e busca do pleno emprego (incisos IV, VII e VIII). No Parágrafo único do mesmo artigo, a Constituição assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica.
A nossa legislação infra-constitucional (Código Tributário Nacional) atribui ao Poder Executivo a possibilidade de alterar alíquotas e bases de cálculo, nos limites da lei (art. 21). O art. 176 do mesmo diploma legal condiciona a concessão de isenção à criação de lei.
Um dispositivo importante a favor do pleito contra a super taxação é o Decreto Lei no. 37/66, que regulamenta o Imposto de Importação, pois em seu art. 17 estabelece que a isenção do Imposto de Importação somente beneficia produto sem similar nacional em condições de substituir o importado. Para o julgamento da similaridade, o art. 18 do mesmo Decreto confere ao Conselho de Política Aduaneira o dever de formular critérios, gerais ou específicos, para julgamento da similaridade. O referido Conselho observará as seguintes normas básicas:
“I - preço não superior ao custo de importação em reais do similar estrangeiro);
II - prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de mercadoria;
III - qualidade equivalente e especificações adequadas”.
O disposto no Decreto-Lei no. 37/66 também coaduna com o pleito pró-vinil, pois se o mesmo concede isenção a produtos sem similar nacional, é perfeitamente viável a inclusão dos discos de vinil no caso do art. 17 (produto sem similar nacional). Para isso cabe ao Conselho de Política Aduaneira o julgamento da similaridade, procedimento sujeito às normas administrativas. Tal premissa é procedente devido à ausência de nossa indústria fonográfica nacional no mercado do disco de vinil, assim como os obstáculos financeiros impostos imotivadamente para a profissão de disc jockey (DJ). A função precípua do Imposto de Importação é harmonizar conflitos de comércio internacional (por isso é chamado de extrafiscal). Assim, o legislador lança mão desse recurso principalmente quando quer estimular as vendas de produtos nacionais, em detrimento de produtos importados
Isso significa que a campanha contra a taxação do disco de vinil condiz sobretudo com nosso preceito constitucional da isonomia (art. 5º. da Constituição Federal), que inclui a igualdade tributária, que no dizer do ilustre constitucionalista José Afonso da Silva:
“É necessário ter em vista que o sistema tributário é parte de um sistema econômico-social concreto, e qualquer teoria de uma tributação justa que não leve em conta a totalidade do sistema cai na abstração metafísica. (...) Não basta, pois, a regra de isonomia estabelecida no caput do art. 5º., para concluir que a igualdade perante a tributação está garantida. O constituinte teve consciência de sua insuficiência, tanto estabeleceu que ‘é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II)”
O mesmo autor ressalta o dispositivo contido no art. 145, §1º. da Constituição, cuja regra é sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.
No tocante à isonomia tributária, em concordância com o já citado José Afonso da Silva, o eminente Ruy Barbosa Nogueira preleciona que:
“Somente o imposto que seja organizado segundo princípios idênticos para todos que estejam vinculados às mesmas situações, isto é, de proporcionalidade à capacidade econômica de cada um, responde ao princípio de igualdade de direito e de justiça fiscal”.
Além do exposto, à guisa da Constituição, que purga pela valorização do trabalho pela ordem econômica e eleva como princípio o da busca pelo pleno emprego, a legislação federal (Código Tributário Nacional e Decreto-Lei no. 37/66) abarca a tese da aludida campanha.
O cenário atual, além de prejudicar a livre atividade econômica e o livre exercício profissional previstos na Constituição, de certo modo obsta a evolução cultural do Brasil como um todo, pois está repassando para toda uma classe artística um ônus financeiro além de sua capacidade contributiva, somando ao fato de que o disco de vinil é uma ameaça para a indústria nacional que produz unicamente compact discs, distorcendo como foi visto, a finalidade do imposto, que é extrafiscal.
O vinil já foi considerado um bem cultural como são os livros, sem taxação de impostos. Nos anos 90, devido aos softwares de computador que também usavam como mídia os CDs, passaram a ser taxados e os discos de vinil também foram incluídos.
VIA AVAAZ.ORG
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Os caçadores dos sons perdidos
Pesquisadores buscam nos arquivos das gravadoras
registros essenciais para a preservação
da história da música popular brasileira
O Rio é, historicamente, a capital da música brasileira. Na Casa Edison, na Rua do Ouvidor, os primeiros discos nacionais foram gravados em 1902. Dez anos depois, a pioneira fábrica Odeon Talking Machine seria inaugurada na Tijuca. Desde então, a cidade tornou-se o centro da indústria fonográfica. Produtoras de bolachas de 78 rotações, LPs e CDs viveram aqui seu auge e, com a difusão do compartilhamento via internet, a derrocada. Essa história tão extensa agora passa por um novo desdobramento: a busca por registros originais, que não apenas permitam entender as circunstâncias do surgimento de cada disco, mas também ajudem a preservá-los para a posteridade da maneira exata como seus intérpretes os gravaram. A relevância dessas produções, as matrizes, veio à tona em meio a um imbróglio judicial que envolve o cantor baiano João Gilberto e sua antiga gravadora, a EMI. Ele exige da multinacional inglesa a devolução das chamadas fitas máster de seus históricos LPs Chega de Saudade, O Amor, o Sorriso e a Flor e João Gilberto, além do compacto João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval, lançados entre 1959 e 1962. Argumenta o artista que, nos relançamentos em CD, que ocorreram há vinte anos, os trabalhos foram adulterados. A gravadora nega. Querelas à parte, é fato que muito do que se produziu em termos de música no país está perdido em arquivos e em vários casos, suspeita-se, para sempre. "A função das gravadoras é vender discos. Elas não têm a cultura da preservação histórica", diz Jairo Severiano, 86 anos, dono de um formidável acervo de fonogramas gravados entre 1902 e 1927 e coautor, ao lado de Zuza Homem de Mello, dos dois volumes de A Canção no Tempo, trabalho que cobre a trajetória da música brasileira no século passado.
Matrizes como as requisitadas por João Gilberto são a base para todo o processo industrial de produção e comercialização de música. Não raro, guardam riquezas desconhecidas de quem ouve apenas o produto final. São conversas entre os intérpretes ou composições inteiras descartadas pelo produtor, mas nem por isso menos relevantes. Quando elas se perdem, tudo isso desaparece. "Não encontrar a máster é algo que nos acontece com alguma frequência", lamenta o músico e pesquisador Charles Gavin. Em notável trabalho de garimpo por empresas como EMI, Warner e Som Livre, o ex-baterista dos Titãs e apresentador do programa O Som do Vinil, no Canal Brasil, dedicado a álbuns nacionais históricos, produziu, desde 1999, a reedição em CD de mais de 400 títulos. Em meio a essa tarefa olímpica de resgate, Gavin e seus colegas compilaram uma lista vergonhosa. Constataram que não existem mais, por exemplo, as matrizes dos três primeiros discos do cantor Ney Matogrosso, lançados pelo selo Continental entre 1975 e 1977, nem do álbum de estreia do grupo A Cor do Som, de 1977, produzido pela gravadora Warner. O elenco de estrelas sem máster (veja o quadro na pág. 31) inclui, entre muitos outros, Eumir Deodato (o LP Ideias, de 1964), Frenéticas (Babando Lamartine, de 1980), Marlene (Te Pego pela Palavra, de 1974) e Elis Regina (Elis, Essa Mulher, de 1979). "Isso é um reflexo da forma como o nosso país cuida de seu patrimônio cultural", afirma Mú Carvalho, tecladista da Cor do Som.
Quando uma matriz é perdida, os responsáveis por um relançamento costumam apelar para uma cópia geralmente em vinil. Essa é a prática adotada, a contragosto, por Rodrigo Faour. O jornalista e colecionador carioca já preparou mais de 500 CDs, entre reedições e compilações. "O problema é que o vinil às vezes é mal prensado e costuma trazer aquele chiado característico. Se não for uma cópia de excelente qualidade, o relançamento vai ser um desperdício", explica. Certa vez, na reedição de um 78 rotações da cantora Ademilde Fonseca (1921-2012), ele recorreu a três discos diferentes, de três colecionadores, para aproveitar as partes em bom estado de cada um e recuperar a canção Dono de Ninguém. Faour faz coro com os colegas: "O Brasil não valoriza a preservação. Aqui, se um prédio está velho, é só derrubar e construir outro no lugar". Na época dos discos de 78 rotações, que antecederam o LP no Brasil, foram produzidos até meados dos anos 60, com uma música de cada lado , o estrago só não foi maior por causa da atuação de um punhado de abnegados, como o próprio Jairo Severiano, além do historiador José Ramos Tinhorão e do colecionador Humberto Franceschi. "Os grandes colecionadores de discos de 78 rotações salvaram as gravadoras em várias ocasiões. Eles têm obras antigas que as próprias companhias já não guardavam mais", conta o jornalista Sérgio Cabral, autor de várias biografias de estrelas da MPB, entre elas Tom Jobim e Nara Leão. "As matrizes dessas gravações tinham prata e era comum que fossem vendidas como descarte, apenas para a reutilização da matéria-prima", lembra Bia Paes Leme, diretora da reserva técnica musical do Instituto Moreira Salles. Ela e uma equipe enxuta cuidam de preciosidades como o acervo pessoal de Pixinguinha, além das ricas coleções de discos de Tinhorão e Franceschi. Pensando no futuro, investem em duas frentes: o resgate de partituras dez inéditas de Pixinguinha foram publicadas em livro no ano passado e a disponibilização on-line de documentos e gravações. O site do IMS oferece hoje 20 000 fonogramas ao alcance de uns cliques. No mesmo caminho, o Museu da Imagem e do Som, guardião de 80 000 discos, avança para finalizar a digitalização de seu acervo até a inauguração da nova sede, em Copacabana, prevista para o fim de 2014.
Antes da internet era a poeira. Advogado e louco por música, Marcelo Fróes já peregrinava pelos arquivos das gravadoras Sony, Warner, Universal e EMI, além de selos menores, no início dos anos 90. Levantou material inédito, depois editado, de estrelas do porte de Gilberto Gil, Vinicius de Moraes, Nara Leão e Erasmo Carlos. Em uma das visitas à antiga Polygram, ele achou em um canto, sem identificação, a fita de Tecnicolor, clássico LP da banda Os Mutantes gravado em 1970 o disco virou CD em 2000 (veja outros casos de tesouros descobertos na pág. 32). Desde 2008, Fróes continua seu trabalho à frente de um selo próprio, o Discobertas. Hoje, as caixas de fitas que ele revirava estão guardadas em galpões de segurança máxima. A preocupação com a preservação dos arquivos de áudio, aliada à crise no setor, levou à terceirização. Especializada nesse tipo de armazenamento, presente em 35 países, a Iron Mountain abriga, no bairro de Cordovil, cerca de 150 000 itens. Três grandes, Sony, Universal e EMI Music, guardam ali suas fitas máster a Warner usa outra companhia, a Recall, em São Paulo. Tais empresas tomam cuidados básicos, como acondicionamento em espaço adequado e prevenção contra incêndios. No entanto, nem sempre isso basta. "Esse tipo de material é muito delicado, as fitas devem ser rebobinadas e ouvidas periodicamente. Além disso, é preciso verificar se não estão soltando uma goma que aparece no processo de envelhecimento e as danifica", alerta Oswaldo Malagutti, especialista em áudio que vem trabalhando na manutenção e recuperação das fitas máster de Roberto Carlos. "A Iron Mountain oferece um pacote completo de manutenção, mas nem todas as gravadoras estão dispostas a arcar com esse custo", diz Luiz Alves, presidente da empresa no Brasil.
O custo, nesse caso, deveria ser considerado um investimento. "Daqui a trinta anos serão as reedições da discografia de grandes artistas que vão render dinheiro", afirma Charles Gavin. Em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, sobram exemplos de como a ressurreição de discos clássicos se tornou uma mina de ouro para as gravadoras. Dos Beatles a Miles Davis, de Michael Jackson a Pink Floyd, inúmeros artistas tiveram seus discos reunidos em caixas especiais ou ganharam relançamentos de álbuns comemorativos muitas vezes com preciosas sobras de gravações que não entraram na obra original, tiradas de uma máster bem guardada. Pelo menos duas estrelas da MPB foram beneficiadas pelo zelo estrangeiro. Para celebrar os trinta anos do lançamento de Elis & Tom, gravado na Califórnia em 1974, o disco ganhou, a partir da matriz, edição remixada pelo músico César Camargo Mariano, acrescida de saborosas conversas entre a cantora e o compositor no estúdio, além de duas faixas-bônus: Bonita e uma segunda versão para Fotografia. Por aqui, isso é mais difícil. "De fato, já houve sumiço de máster, mas o esquema bagunçado favorecia. Qualquer um podia pegar uma fita e, eventualmente, não devolver. Hoje procuramos manter um controle", reconhece Sérgio Affonso Fernandes, presidente da Warner Music Brasil, o único representante das grandes companhias procuradas a admitir o problema. Já é um começo.
Matrizes como as requisitadas por João Gilberto são a base para todo o processo industrial de produção e comercialização de música. Não raro, guardam riquezas desconhecidas de quem ouve apenas o produto final. São conversas entre os intérpretes ou composições inteiras descartadas pelo produtor, mas nem por isso menos relevantes. Quando elas se perdem, tudo isso desaparece. "Não encontrar a máster é algo que nos acontece com alguma frequência", lamenta o músico e pesquisador Charles Gavin. Em notável trabalho de garimpo por empresas como EMI, Warner e Som Livre, o ex-baterista dos Titãs e apresentador do programa O Som do Vinil, no Canal Brasil, dedicado a álbuns nacionais históricos, produziu, desde 1999, a reedição em CD de mais de 400 títulos. Em meio a essa tarefa olímpica de resgate, Gavin e seus colegas compilaram uma lista vergonhosa. Constataram que não existem mais, por exemplo, as matrizes dos três primeiros discos do cantor Ney Matogrosso, lançados pelo selo Continental entre 1975 e 1977, nem do álbum de estreia do grupo A Cor do Som, de 1977, produzido pela gravadora Warner. O elenco de estrelas sem máster (veja o quadro na pág. 31) inclui, entre muitos outros, Eumir Deodato (o LP Ideias, de 1964), Frenéticas (Babando Lamartine, de 1980), Marlene (Te Pego pela Palavra, de 1974) e Elis Regina (Elis, Essa Mulher, de 1979). "Isso é um reflexo da forma como o nosso país cuida de seu patrimônio cultural", afirma Mú Carvalho, tecladista da Cor do Som.
Quando uma matriz é perdida, os responsáveis por um relançamento costumam apelar para uma cópia geralmente em vinil. Essa é a prática adotada, a contragosto, por Rodrigo Faour. O jornalista e colecionador carioca já preparou mais de 500 CDs, entre reedições e compilações. "O problema é que o vinil às vezes é mal prensado e costuma trazer aquele chiado característico. Se não for uma cópia de excelente qualidade, o relançamento vai ser um desperdício", explica. Certa vez, na reedição de um 78 rotações da cantora Ademilde Fonseca (1921-2012), ele recorreu a três discos diferentes, de três colecionadores, para aproveitar as partes em bom estado de cada um e recuperar a canção Dono de Ninguém. Faour faz coro com os colegas: "O Brasil não valoriza a preservação. Aqui, se um prédio está velho, é só derrubar e construir outro no lugar". Na época dos discos de 78 rotações, que antecederam o LP no Brasil, foram produzidos até meados dos anos 60, com uma música de cada lado , o estrago só não foi maior por causa da atuação de um punhado de abnegados, como o próprio Jairo Severiano, além do historiador José Ramos Tinhorão e do colecionador Humberto Franceschi. "Os grandes colecionadores de discos de 78 rotações salvaram as gravadoras em várias ocasiões. Eles têm obras antigas que as próprias companhias já não guardavam mais", conta o jornalista Sérgio Cabral, autor de várias biografias de estrelas da MPB, entre elas Tom Jobim e Nara Leão. "As matrizes dessas gravações tinham prata e era comum que fossem vendidas como descarte, apenas para a reutilização da matéria-prima", lembra Bia Paes Leme, diretora da reserva técnica musical do Instituto Moreira Salles. Ela e uma equipe enxuta cuidam de preciosidades como o acervo pessoal de Pixinguinha, além das ricas coleções de discos de Tinhorão e Franceschi. Pensando no futuro, investem em duas frentes: o resgate de partituras dez inéditas de Pixinguinha foram publicadas em livro no ano passado e a disponibilização on-line de documentos e gravações. O site do IMS oferece hoje 20 000 fonogramas ao alcance de uns cliques. No mesmo caminho, o Museu da Imagem e do Som, guardião de 80 000 discos, avança para finalizar a digitalização de seu acervo até a inauguração da nova sede, em Copacabana, prevista para o fim de 2014.
Antes da internet era a poeira. Advogado e louco por música, Marcelo Fróes já peregrinava pelos arquivos das gravadoras Sony, Warner, Universal e EMI, além de selos menores, no início dos anos 90. Levantou material inédito, depois editado, de estrelas do porte de Gilberto Gil, Vinicius de Moraes, Nara Leão e Erasmo Carlos. Em uma das visitas à antiga Polygram, ele achou em um canto, sem identificação, a fita de Tecnicolor, clássico LP da banda Os Mutantes gravado em 1970 o disco virou CD em 2000 (veja outros casos de tesouros descobertos na pág. 32). Desde 2008, Fróes continua seu trabalho à frente de um selo próprio, o Discobertas. Hoje, as caixas de fitas que ele revirava estão guardadas em galpões de segurança máxima. A preocupação com a preservação dos arquivos de áudio, aliada à crise no setor, levou à terceirização. Especializada nesse tipo de armazenamento, presente em 35 países, a Iron Mountain abriga, no bairro de Cordovil, cerca de 150 000 itens. Três grandes, Sony, Universal e EMI Music, guardam ali suas fitas máster a Warner usa outra companhia, a Recall, em São Paulo. Tais empresas tomam cuidados básicos, como acondicionamento em espaço adequado e prevenção contra incêndios. No entanto, nem sempre isso basta. "Esse tipo de material é muito delicado, as fitas devem ser rebobinadas e ouvidas periodicamente. Além disso, é preciso verificar se não estão soltando uma goma que aparece no processo de envelhecimento e as danifica", alerta Oswaldo Malagutti, especialista em áudio que vem trabalhando na manutenção e recuperação das fitas máster de Roberto Carlos. "A Iron Mountain oferece um pacote completo de manutenção, mas nem todas as gravadoras estão dispostas a arcar com esse custo", diz Luiz Alves, presidente da empresa no Brasil.
O custo, nesse caso, deveria ser considerado um investimento. "Daqui a trinta anos serão as reedições da discografia de grandes artistas que vão render dinheiro", afirma Charles Gavin. Em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, sobram exemplos de como a ressurreição de discos clássicos se tornou uma mina de ouro para as gravadoras. Dos Beatles a Miles Davis, de Michael Jackson a Pink Floyd, inúmeros artistas tiveram seus discos reunidos em caixas especiais ou ganharam relançamentos de álbuns comemorativos muitas vezes com preciosas sobras de gravações que não entraram na obra original, tiradas de uma máster bem guardada. Pelo menos duas estrelas da MPB foram beneficiadas pelo zelo estrangeiro. Para celebrar os trinta anos do lançamento de Elis & Tom, gravado na Califórnia em 1974, o disco ganhou, a partir da matriz, edição remixada pelo músico César Camargo Mariano, acrescida de saborosas conversas entre a cantora e o compositor no estúdio, além de duas faixas-bônus: Bonita e uma segunda versão para Fotografia. Por aqui, isso é mais difícil. "De fato, já houve sumiço de máster, mas o esquema bagunçado favorecia. Qualquer um podia pegar uma fita e, eventualmente, não devolver. Hoje procuramos manter um controle", reconhece Sérgio Affonso Fernandes, presidente da Warner Music Brasil, o único representante das grandes companhias procuradas a admitir o problema. Já é um começo.
07 de Agosto de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Discos de vinil voltam ao mercado e aquecem comércio de São Paulo
Galeria no centro de são Paulo tem andar para lojas que vendem produto.
Na Rua Santa Ifigênia, também no centro, são vendidos os toca discos.
Em um mundo cada vez mais digital, os discos de vinil, que marcaram época, retornam ao mercado com força total e também impulsionam a venda de toca discos e agulhas. Em São Paulo, o comércio disparou e o mercado dos chamados “bolachões” só cresce.
Eles voltaram. Os discos de vinil, LPs, ou simplesmente “bolachões” estão na moda de novo, depois de 20 anos fora do mercado, dominado pelos CDs. Hoje, em livrarias, o vinil já convive lado a lado com os CDs e ganha cada vez mais espaço.
“É um pouco de saudosismo. É um pouco de conhecimento das pessoas mais jovens que começam a adquirir musica através do vinil, então eles acabam pulando o CD, saindo do digital e indo diretamente para o vinil”, avalia o coordenador da livraria, João Paulo da Silveira Bueno.
Pequenas empresas perceberam a tendência e a oportunidade de ganhar dinheiro nesse mercado.
Em uma charmosa galeria no centro de são Paulo, a Nova Barão, nos últimos anos, o perfil do comércio mudou. Um andar já é conhecido como galeria do vinil. São várias lojas, com milhares de “bolachões” à venda. Novos, usados, raros. Até na parede, coloridos, como decoração.
O dono da loja, Marcelo Batista, era torneiro mecânico. Largou a profissão para montar o negócio próprio. E se deu bem. “De uns quatro anos para cá, você observa que tem umas pessoas mais novas, gente que por causa do pai procura o disco, que o irmão curtia nesse formato”, explica.
Marcelo investiu R$ 80 mil na reforma da loja e no estoque de 7 mil discos do gênero punk e rock metal. O empresário fatura R$ 10 mil por mês. Ele vende LPs usados e novos. Há disco a partir de R$ 20. Marcelo criou até um selo e também lança ele próprio discos de vinil.
“É eu peço autorização para as bandas, escolho os formatos, pego os formatos que melhor se encaixa para aquelas musicas, lanço, tenho catálogo, tenho site e as pessoas descobrem isso ou já sabem disso e compram”, explica.
O empresário Marcio Custódio é outro que apostou no mercado e na galeria. Com R$ 50 mil, ele reformou uma loja e fez um pequeno estoque inicial. Hoje, tem 5 mil discos de vinil, a maioria usados, dos gêneros rock e MPB. O trabalho dele é garimpar discos entre colecionadores e revendê-los, com margem de lucro de 30% a 100%. Uma edição rara importada, por exemplo, sai por R$ 150.
Assim como outros lojistas, Marcio tem custo fixo baixo na galeria. Paga R$ 1 mil por mês de aluguel. Hoje, ele fatura de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês.
“Eu acredito que o mercado de vinil vai bombar, o mercado vai ficar mais aquecido do que está, eu acho que é o formato físico que veio para ficar mesmo, entendeu?”, sugere.
Toca discos
Na movimentada Rua Santa Ifigênia, também no centro de São Paulo, são vendidos os toca discos, necessários para quem compra vinil. E a cadeia de negócios se amplia.
Faz 56 anos que a loja funciona no mesmo lugar e vende o mesmo produto, toca discos.
O empresário Luiz Peres Mixeu herdou a loja do pai. Ele conta que durante 20 anos só comercializou toca discos antigos, porque não havia aparelhos novos para vender. Nos últimos quatro anos, os modelos novos, todos importados, inundaram o mercado e as vendas cresceram 80%.
“A quantidade de vendas aumentou demais, em relação a esse produto. Uma coisa que não existia praticamente não vendia antes, os distribuidores não traziam esse produto para cá”, diz.
A loja oferece 25 modelos de toca discos. Eles vêm com entrada para USB e pen drive. O modelo mais barato custa R$ 480. O mais caro é este toca discos de R$ 2.850, com motor de alta precisão e controle eletrônico de rotação. Tem também as vitrolas que já vêm com autofalantes acoplados por R$ 1200.
A loja vende 280 aparelhos por mês. Também não perde a oportunidade de ganhar dinheiro com acessórios: agulhas, receivers e caixas acústicas. O faturamento, de R$ 280 mil por mês, cresce sem parar.
“O CD encobriu o toca disco durante muito tempo, mas voltou, voltou, voltou e voltou com uma força total. E o CD não vai conseguir recuperar isso daí”, diz Mixeu.
Na Rua Santa Ifigênia, também no centro, são vendidos os toca discos.
Em um mundo cada vez mais digital, os discos de vinil, que marcaram época, retornam ao mercado com força total e também impulsionam a venda de toca discos e agulhas. Em São Paulo, o comércio disparou e o mercado dos chamados “bolachões” só cresce.
Eles voltaram. Os discos de vinil, LPs, ou simplesmente “bolachões” estão na moda de novo, depois de 20 anos fora do mercado, dominado pelos CDs. Hoje, em livrarias, o vinil já convive lado a lado com os CDs e ganha cada vez mais espaço.
“É um pouco de saudosismo. É um pouco de conhecimento das pessoas mais jovens que começam a adquirir musica através do vinil, então eles acabam pulando o CD, saindo do digital e indo diretamente para o vinil”, avalia o coordenador da livraria, João Paulo da Silveira Bueno.
Pequenas empresas perceberam a tendência e a oportunidade de ganhar dinheiro nesse mercado.
Em uma charmosa galeria no centro de são Paulo, a Nova Barão, nos últimos anos, o perfil do comércio mudou. Um andar já é conhecido como galeria do vinil. São várias lojas, com milhares de “bolachões” à venda. Novos, usados, raros. Até na parede, coloridos, como decoração.
O dono da loja, Marcelo Batista, era torneiro mecânico. Largou a profissão para montar o negócio próprio. E se deu bem. “De uns quatro anos para cá, você observa que tem umas pessoas mais novas, gente que por causa do pai procura o disco, que o irmão curtia nesse formato”, explica.
Marcelo investiu R$ 80 mil na reforma da loja e no estoque de 7 mil discos do gênero punk e rock metal. O empresário fatura R$ 10 mil por mês. Ele vende LPs usados e novos. Há disco a partir de R$ 20. Marcelo criou até um selo e também lança ele próprio discos de vinil.
“É eu peço autorização para as bandas, escolho os formatos, pego os formatos que melhor se encaixa para aquelas musicas, lanço, tenho catálogo, tenho site e as pessoas descobrem isso ou já sabem disso e compram”, explica.
O empresário Marcio Custódio é outro que apostou no mercado e na galeria. Com R$ 50 mil, ele reformou uma loja e fez um pequeno estoque inicial. Hoje, tem 5 mil discos de vinil, a maioria usados, dos gêneros rock e MPB. O trabalho dele é garimpar discos entre colecionadores e revendê-los, com margem de lucro de 30% a 100%. Uma edição rara importada, por exemplo, sai por R$ 150.
Assim como outros lojistas, Marcio tem custo fixo baixo na galeria. Paga R$ 1 mil por mês de aluguel. Hoje, ele fatura de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês.
“Eu acredito que o mercado de vinil vai bombar, o mercado vai ficar mais aquecido do que está, eu acho que é o formato físico que veio para ficar mesmo, entendeu?”, sugere.
Toca discos
Na movimentada Rua Santa Ifigênia, também no centro de São Paulo, são vendidos os toca discos, necessários para quem compra vinil. E a cadeia de negócios se amplia.
Faz 56 anos que a loja funciona no mesmo lugar e vende o mesmo produto, toca discos.
O empresário Luiz Peres Mixeu herdou a loja do pai. Ele conta que durante 20 anos só comercializou toca discos antigos, porque não havia aparelhos novos para vender. Nos últimos quatro anos, os modelos novos, todos importados, inundaram o mercado e as vendas cresceram 80%.
“A quantidade de vendas aumentou demais, em relação a esse produto. Uma coisa que não existia praticamente não vendia antes, os distribuidores não traziam esse produto para cá”, diz.
A loja oferece 25 modelos de toca discos. Eles vêm com entrada para USB e pen drive. O modelo mais barato custa R$ 480. O mais caro é este toca discos de R$ 2.850, com motor de alta precisão e controle eletrônico de rotação. Tem também as vitrolas que já vêm com autofalantes acoplados por R$ 1200.
A loja vende 280 aparelhos por mês. Também não perde a oportunidade de ganhar dinheiro com acessórios: agulhas, receivers e caixas acústicas. O faturamento, de R$ 280 mil por mês, cresce sem parar.
“O CD encobriu o toca disco durante muito tempo, mas voltou, voltou, voltou e voltou com uma força total. E o CD não vai conseguir recuperar isso daí”, diz Mixeu.
Fonte:
domingo, 28 de abril de 2013
Grande Encontro de amigos
No ultimo dia 23 de abril tivemos o prazer de participar de um momento que não é comum hoje em dia, quando as pessoas envolvidas se tratam como DJs.
Foi um encontro de amigos com uma afinidade em comum: O gosto pela música, independente do estilo.
A ideia partiu do nosso amigo Pena, que simplesmente queria assar uma carne, beber uma gelada e ouvir boa música. Daí para frente o que veio a acontecer foi simplesmente decorrência das boas intenções envolvidas.
Momentos como esse são ímpares e merecem ser repetidos, desde que a intenção original seja "reunir amigos" ao invés de promover um "encontro de DJs" e suas performances.
Venho em nome do CLUBEDOVINYL expressar a nossa satisfação em curtir esse dia, em especialmente aos amigos:
Pena, Batata, Gilmar, Elton, Lui, Adão, Fuka, Marcos Mendes, Vergalha, entre outros que participaram desse momento.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
É nesse Domingo. Não Perca!!!
NO ESPAÇO VERDADE - PARQUE SÃO JOSÉ
ATRÁS DO MERCADO MULTI MARKET
COMEÇA ÀS 14hs
ENTRADA FRANCA ATÉ ÀS 18hs
À PARTIR DAS 18hs
DAMAS GRÁTIS E CAVALHEIROS SÓ r$ 5,00
DAMAS GRÁTIS E CAVALHEIROS SÓ r$ 5,00
segunda-feira, 25 de março de 2013
Moonwalk - Trinta Anos
A Trinta anos atrás, aqueles com sorte suficiente
para estar dentro do Shrine Auditorium para comemorar 25 da Motown
foram os primeiros a ver Michael Jackson realizar o seu Moonwalk lendário!
A Trinta anos atrás, o mundo viu pela primeira vez Michael Jackson realizar o moonwalk. O grande momento aconteceu durante o final de sua performance de "Billie Jean" no especial de aniversário de 25 anos da Motown, gravado no Auditório Cívico de Pasadena e transmitido pela NBC cerca de seis semanas mais tarde.
O moonwalk durou apenas dois segundos e não o foi mesmo que o original (James Brown tinha feito isso há anos), mas Jackson o executou com perfeição impressionante. Ele capturou a atenção do mundo inteiro, e as crianças no dia seguinte toda a América foram experimentar o movimento no parque infantil.
"Thriller" estava nas prateleiras à cerca de quatro meses na época do concerto televisionado e "Billie Jean" foi a música número um no país, mas o desempenho de Jackson trouxe sua fama a um outro nível.
Pode-se até argumentar que foi o ponto alto de toda a sua carreira. Ele também ofuscou uma noite incrível de música, incluindo a primeira performance de Diana Ross e The Supremes e o conjunto The Miracles onde Marvin Gaye foi baterista, Stevie Wonder e uma incrível "batalha de bandas" entre The Temptations e The Four Tops.
O moonwalk durou apenas dois segundos e não o foi mesmo que o original (James Brown tinha feito isso há anos), mas Jackson o executou com perfeição impressionante. Ele capturou a atenção do mundo inteiro, e as crianças no dia seguinte toda a América foram experimentar o movimento no parque infantil.
"Thriller" estava nas prateleiras à cerca de quatro meses na época do concerto televisionado e "Billie Jean" foi a música número um no país, mas o desempenho de Jackson trouxe sua fama a um outro nível.
Pode-se até argumentar que foi o ponto alto de toda a sua carreira. Ele também ofuscou uma noite incrível de música, incluindo a primeira performance de Diana Ross e The Supremes e o conjunto The Miracles onde Marvin Gaye foi baterista, Stevie Wonder e uma incrível "batalha de bandas" entre The Temptations e The Four Tops.
Michael Jackson foi inicialmente relutante em se apresentar no concerto. Ele estava na CBS Records, e os organizadores queriam que ele cantasse os velhos hits do The Jackson 5 junto com seus irmãos. Ele finalmente concordou, sob a condição de que ele estaria autorizado a realizar "Billie Jean" solo após o medley. Da noite, foi a única música não lançada pela Motown e, ironicamente, o maior momento do show.
quarta-feira, 13 de março de 2013
Clima Quente - 17/Março/2013
Por falta de estrutura adequada no local para receber o nosso público o baile foi adiado para 17/Março/2013.
O "Espaço Verdade" está na fase final de obras e estará em condições de oferecer o ambiente ideal para a realização dos nosso eventos. Esperamos vocês dia 17/Março/2013. |
Discos de vinil de décadas passadas conquistam cada vez mais jovens
O que um garoto procura entre discos gravados antes mesmo de ele nascer?
Para muitos apaixonados, música boa tem que ter aquele barulhinho da agulha passeando pelo LP.
Para muitos apaixonados, música boa tem que ter aquele barulhinho da agulha passeando pelo LP. A surpresa é que os fãs dos discos de vinil estão ficando mais jovens.
Quando a agulha alcança o disco que gira na vitrola, um som de passado se instala no ambiente. Uma feira de discos de vinil dos anos 60, 70, 80 e 90 atrai principalmente a garotada. O que um garoto procura entre discos gravados antes mesmo de ele nascer?
João Vitor, de 12 anos, comprou Queen, Talking Heads e Led Zeppelin. “Eu procuro as bandas na internet, ouço e compro os discos”, diz o menino. “É uma volta ao passado, parece. Todas as músicas que eles gostam são antigas”, comenta o engenheiro Hermes Salvador.
Além de músicas antigas, estes jovens procuram qualidade de som. “É gravado de um jeito diferente. Quando gravam CD, as pessoas gravam separado. Em vinil é todo mundo junto. Isso faz diferença. É outro tipo”, afirma Theo Secato, de 13 anos.
Entre os 1,6 mil discos à venda na feira, 90% são usados. Com o aumento da procura por discos de vinil, algumas gravadoras voltaram a produzir.
O forte da feira é o rock e todos os seus derivados, mas tem espaço para a música brasileira. “É o que eu digo: a música não tem idade. Desde que seja boa, vão ouvir sempre”, garante o comerciante Sérgio Vieira da Cunha.
Quando a agulha alcança o disco que gira na vitrola, um som de passado se instala no ambiente. Uma feira de discos de vinil dos anos 60, 70, 80 e 90 atrai principalmente a garotada. O que um garoto procura entre discos gravados antes mesmo de ele nascer?
João Vitor, de 12 anos, comprou Queen, Talking Heads e Led Zeppelin. “Eu procuro as bandas na internet, ouço e compro os discos”, diz o menino. “É uma volta ao passado, parece. Todas as músicas que eles gostam são antigas”, comenta o engenheiro Hermes Salvador.
Além de músicas antigas, estes jovens procuram qualidade de som. “É gravado de um jeito diferente. Quando gravam CD, as pessoas gravam separado. Em vinil é todo mundo junto. Isso faz diferença. É outro tipo”, afirma Theo Secato, de 13 anos.
Entre os 1,6 mil discos à venda na feira, 90% são usados. Com o aumento da procura por discos de vinil, algumas gravadoras voltaram a produzir.
O forte da feira é o rock e todos os seus derivados, mas tem espaço para a música brasileira. “É o que eu digo: a música não tem idade. Desde que seja boa, vão ouvir sempre”, garante o comerciante Sérgio Vieira da Cunha.
Fonte:
quarta-feira, 6 de março de 2013
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Homenagem - 20ª Festa dos Amigos - Família Canella
MARVIN GAYE
Marvin Gaye (Washington, 2 de abril de 1939 — Los Angeles, 1 de abril de 1984), nascido Marvin Pentz Gay, Jr., foi um cantor popular de soul e R&B, arranjador, multi-instrumentista, compositor e produtor. Ganhou fama internacional durante os anos 60 e 70 como um artista da gravadora Motown.
O início da carreira do cantor foi em 1961, na Motown, onde Gaye rapidamente se tornaria o principal cantor da gravadora e emplacaria numerosos sucessos durante os anos sessenta, entre eles "Stubborn Kind of Fellow", "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", "I Heard It Through the Grapevine" e vários duetos com Tammi Terrell, incluindo "Ain't No Mountain High Enough" e "You're All I Need to Get By", antes de mudar sua própria forma de se expressar musicalmente. Gaye é importante por sua luta por produzir seus sucessos, mas criativamente restritivo - no processo de gravação da Motown, intérpretes, compositores e produtores eram geralmente mantidos em áreas separadas.
Com seu bem-sucedido álbum What's Going On, de 1971, e outros lançamentos subsequentes - includindo Trouble Man, de 1972, e Let's Get It On, de 1973, Gaye, que vez ou outra compunha canções para artistas da Motown no início da sua carreira, provou também que poderia tanto escrever quanto produzir seus próprios discos sem ter de confiar no sistema da Motown. Ele é também conhecido por seu ambientalismo, talvez mais evidente na canção "Mercy Mercy Me (The Ecology)".
Durante os anos setenta, Gaye lançaria outros notáveis álbuns, includindo Let's Get It On e I Want You, além de ter emplacado vários sucessos, como "Let's Get It On" e "Got to Give It Up". Já no começo dos anos oitenta, seria a vez do hit "Sexual Healing", que lhe rendeu - antes de sua morte - dois prêmios Grammy. Até o momento de ser assassinado pelo seu pai, em 1984, Gaye tinha se tornado um dos mais influentes artistas da cena soul. Em 1996, Gaye foi homenageado na 38º cerimônia do Grammy Awards.
A carreira de Marvin tem sido descrita como uma das que "abarcam toda a história do R&B, do doo-wop dos anos cinquenta ao soul contemporâneo dos anos oitenta."[2] Críticos têm também afirmado que a produção musical de Gaye "significou o desenvolvimento da black music a partir do rhythm'n blues, através de um sofisticado soul de consciência política nos anos setenta e de uma abordagem maior em assuntos de cunho pessoal e sexual.
Marvin Gaye nasceu no Freedman's Hospital, em Washington, D.C.. Ele foi o primeiro filho e o segundo mais velho de quatro filhos do pastor evangélico Marvin Pentz Gaye Sr. e da professor/dona-de-casa Alberta Cooper. Com as irmãs Jeanne e Zeola e o irmão mais novo Frankie, viviam na zona segregada da capital norte-americana, no bairro da Deanwood (nordeste da cidade). Ainda novo, ele era carregador de tacos de golfe no Norbeck Country Club, em Olney, Maryland. O pai de Gaye pregava com pastor na Igreja Adventista do Sétimo Dia chamada House of God (a "Casa de Deus"), que tinha um rigoroso código de conduta misturado a ensinamentos do judaísmo ortodoxo e pentecostalismo. Crescendo na igreja de seu pai, Marvin começou a cantar desde cedo no coral - aos 3 anos - e a tocar instrumentos. A música era uma espécie de válvula de escape para o jovem, que durante toda a infância costumava apanhar do pai diariamente. Durante o tempo em que esteve na high school, Marvin começou a ouvir doo-wop e ingressou no DC Tones como um baterista.[5] Após abandonar a Cardozo High School, Gaye alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos. Após o fingimento de uma doença mental,[6] ele foi dispensado por ter se recusado a seguir ordens.
Após abandonar as Forças Aéreas em 1957, Gaye começou sua carreira musical em vários grupos doo wop, fixando-se em um popular grupo de Washington DC, chamado The Marquees. Com Bo Diddley, os Marquees lançaram o single "Wyatt Earp" em 1957 pela gravadora Okeh e foram então contratados por Harvey Fuqua para o grupo The Moonglows. "Mama Loocie", lançada em 1959 pela gravadora Chess, foi o primeiro e único single de Gaye com os Moonglows. Junto com os Moonglows, Gaye assimilou várias técnicas, utilizadas posteriormente, nos álbuns que produziria. E foi com ajuda dessa banda que ele foi apresentado a empresários da cena musical. Depois de um concerto em Detroit, o "novo" Moonglows foi dissolvido e Fuqua apresentou Gaye a Berry Gordy, presidente da Motown Records. Ele contratou Gaye primeiramente como baterista de estúdio, para tocar para grupos como The Miracles, The Contours, Martha and the Vandellas, The Marvelettes, entre outros. Gaye tocou bateria para as Marvelettes na canção "Please Mr. Postman", em 1961, e para a versão ao vivo de Little Stevie Wonder para a canção "Fingertips Pt. 2", de 1963. Ambas canções alcançaram o primeiro lugar na parada norte-americana da Billboard.
Depois de iniciar sua carreira na Motown, Gaye mudou seu nome de Marvin Gay para Marvin Gaye, acrescentando o '"e"' para se separar do nome de seu pai, para encerrar os boatos em curso em torno de sua sexualidade e ainda para imitar seu ídolo, Sam Cooke, que havia também acrescentado um 'e' ao seu sobrenome.[8] Gaye desejava gravar para a Motown, mas Berry Gordy tinha receio quanto ao cantor, devido ao fato de que Gaye não costumava seguir as ordens sobre as quais a gravadora queria que ele cumprisse. De acordo com um documentário do canal de televisão VH1, a namorada de Marvin - e irmã de Berry -, Anna Berry Gordy, convenceu o irmão a assinar com Gaye. Berry concordou em deixar que Marvin gravasse versões pop-contemporâneas de baladas românticas baseadas no jazz.
Popular e querido dentro da Motown, Gaye já carregava com ele uma maneira sofisticada e cavalheiresca e tinha pouca necessidade de treinamento no setor de desenvolvimento artístico da gravadora - embora tenha seguido o conselho do diretor dessa divisão, Maxine Powell, de não cantar de olhos fechados, para não parecer que tinha adormecido". Em junho de 1961, foi lançado a primeira gravação solo de Gaye, The Soulful Moods of Marvin Gaye. Foi o segundo LP lançado pela Motown - o primeiro foi o Hi… We're The Miracles, o primeiro disco dos Miracles. Apesar das faixas "How Deep Is the Ocean?" e "How High the Moon" terem sido elogiadas pela crítica pela profundidade das harmonias e melodias, o álbum de Gaye fracassou e nem chegou às paradas norte-americanas. Marvin ainda tinha dificuldades em descobrir seu jeito próprio de cantar, que ele desejava que fosse o mais próximo de Nat King Cole, um dos ícones do jazz, estilo que predomina no primeiro disco solo de Marvin. A Motown queria que o cantor se direcionasse para melodias da soul music, mais populares e atraentes no mercado fonográfico.
Depois de discutir sobre a direção de sua carreira com Berry Gordy, Gaye - relutante - concordou em gravar mais canções de R&B de seus colegas de gravadora e outros três novos escritos pelo próprio Gordy. Seu primeiro single lançado, "Let Your Conscience Be Your Guide", construída sobre uma vibração de Ray Charles, fracassou nas paradas - tendo o mesmo ocorrido com as canções "Sandman" e "A Soldier's Plea", todas de 1962. Ironicamente, Gaye encontraria o sucesso primeiramente como compositor da canção "Beechwood 4-5789", gravada pelas Marvelettes em 1962. Finalmente naquele mesmo ano, o single "Stubborn Kind of Fellow" rendeu algum sucesso e chegou ao Top 10 R&B dos Estados Unidos. Co-escrita por Gaye e produzida pelo amigo William "Mickey" Stevenson, a gravação contou com a participação das recém-contratadas Martha and the Vandellas (então conhecidas como The Vells) e foi uma espécie de desabafo autobiográfico sobre o comportamento indiferente e deprimido de Gaye. Na sequência de "Stubborn Kind of Fellow" vieram, em 1963, outros três singles: as dançantes "Hitch Hike" e "Can I Get a Witness", que chegaram ao Top 30 Pop da Billboard, e a balada romântica "Pride and Joy", primeira canção de Gaye a chegar ao Top 10 Pop.
Apesar do cantor começar a encontrar o caminho do sucesso, Marvin ainda brigava com a Motown para ser um cantor de baladas românticas e sofisticadas, diferentemente da linha da gravadora que esperava de seus artistas os grandes hits. Batalhas entre a opção artística de Marvin e a demanda por produtos comerciais da Motown seriam frequentes ao longo dos anos e marcariam o relacionamento entre o cantor e a gravadora, já que as insistentes cobranças do selo por um trabalho mais comercial eram incompatíveis com as ambições artísticas de Gaye.
O sucesso continuaria em 1964 com os singles "You Are a Wonderful One" (que contou com o trabalho vocal de fundo do grupo The Supremes), "Try It Baby" (que contou com vocais de fundo do grupo The Temptations), "Baby Don't You Do It" e "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", que tornou-se sua primeira composição de sucesso. Durante este fase inicial de sucesso, Gaye ainda contribuiu com o grupo Martha and the Vandellas, sendo autor da letra do hit "Dancing in the Street", sucesso naquele mesmo ano. Gaye também conseguiu figurar nas paradas com o álbum Together, um disco de duetos com a cantora Mary Wells. A dupla emplacou os singles "Once Upon a Time" e "What's the Matter With You, Baby?". Como artista solo, Gaye continuou a desfrutar de um grande sucesso e seu LP Moods of Marvin Gaye, de 1966, do qual participou Smokey Robinson, colocou os singles "I'll Be Doggone" e "Ain't That Peculiar" tanto o Top 10 Pop da Billboard quanto no topo - pela primeira vez na carreira do cantor - da parada R&B norte-americana. Com Kim Weston, sua segunda parceria de dueto, foi lançado "It Takes Two", canção que chegou ao Top 20 Pop e ao quarto lugar na lista de R&B da Billboard. Marvin Gaye se estabelecia como um dos principais artistas na era dos duos. Seu sucesso como cantor solo também lhe concedeu o status de ídolo da juventude, assim como ele se tornou um dos artistas prediletos nos principais shows adolescentes - entre os quais, American Coreto, Shindig!,Hullaballoo e The Mike Douglas Show. Ele também se tornou um dos poucos artistas da Motown a se apresentar no Copacabana - e um álbum seu gravado na casa demoraria três décadas para ser lançado.
Uma série dos sucessos de Gaye pela Motown foram duetos com artistas femininas, tais como Mary Wells e Kim Weston. O primeiro LP do cantor a aparecer nas listas da Billboard foi o Together, de 1964, disco de duetos com Wells. No entanto, a parceira mais popular e memorável de Marvin foi Tammi Terrell. Gaye e Terrell tinham um bom relacionamento e o álbum de estréia da dupla, United, lançado em 1967, gerou uma série de sucessos, como "Ain't No Mountain High Enough", "Your Precious Love", "If I Could Build My Whole World Around You" e "If This World Were Mine".
A dupla de compositores Nickolas Ashford e Valerie Simpson, que eram também casados, forneceu as letras e a produção para as gravações de Gaye/Terrell. Enquanto Gaye e Terrell não formavam um casal de namorados - embora rumores persistam de que eles podem ter tido um caso anteriormente -, eles atuavam como verdadeiros amantes nas gravações. De fato, Gaye às vezes declarava que pela duração das canções ele estava apaixonado por ela. Mas ainda naquele ano, o sucesso da parceria foi tragicamente encurtado. Em 14 de outubro, Terrell desmaiou nos braços de Gaye, enquanto eles se apresentavam no Hampton Institute (hoje Hampton Universit), em Hampton, Virginia. Era o primeiro sintoma de um tumor cerebral, diagnosticado em exames realizados posteriormente, e que continuaria a debilitar a saúde de Tammi.
A Motown decidiu tentar e continuar as gravações da dupla Gaye/Terrell. Em 1968, a gravadora lançou You're All I Need, o segundo LP da dupla, que se destacou pelos sucessos de "Ain't Nothing Like the Real Thing" e "You're All I Need to Get By". No ano seguinte foi lançado Easy, o último álbum da dupla. A deterioração da saúde de Terrell a impediu de concluir as gravações de estúdio e a maior parte dos vocais femininos teriam sido gravados por Valerie Simpson. Duas faixas do LP eram canções arquivadas da carreira solo de Terrell e foram mixadas com a voz de Gaye.
A doença de Tammi Terrell deixou Gaye em profunda depressão; quando sua canção "I Heard It Through the Grapevine" (inicialmente gravada em 1967 por Gladys Knight & The Pips) chegou ao primeiro lugar da principal lista da Billboard - além de ter também sido o single mais vendido da história da Motown, com quatro milhões de cópias -, ele se recusou a reconhecer seu sucesso, sentindo que ele era imerecido. O trabalho com o produtor Norman Whitfield, que havia produzido "Grapevine", resultou em outros dois sucessos similares: "Too Busy Thinking About My Baby" e "That's the Way Love Is". Entretanto, o casamento de Gaye estava ruindo e ele continuava a sentir que seu trabalho artístico era completamente irrelevante. Frente às transformações sociais que chacoalhavam os Estados Unidos naquele período.
Ao mesmo tempo que Marvin cantava interminavelmente sobre o amor, a música popular norte-americana passava por uma grande revolução, abordando em suas letras as questões sociais e políticas daqueles anos. Desejando ter independência criativa, Marvin foi liberado pela Motown para produzir as gravações de estúdio das bandas The Originals, cujo resultado apareceu nos hits "Baby I'm For Real" e "The Bells".
Em 16 de março de 1970, Tammi Terrell morreu em decorrência do tumor cerebral e deixou Marvin devastado. Durante o funeral da parceira, Marvin estava tão sensível que ele conversava com o corpo de Tammi como que esperando por uma resposta dela. Imediatamente, Gaye mergulhou em um auto-isolamento e ficou sem se apresentar ao vivo por quase dois anos. Gaye contou a amigos que havia pensado em deixar a carreira musical, à ponto até de tentar ingressar no futebol americano e jogar no Detroit Lions (onde ele encontrou os colegas Mel Farr e Lem Barney), mas depois de seu sucesso produzindo os Originals, Gaye estava confiante em criar sua própria gravadora. Como resultado disso, ele entrou nos estúdios em 1 de junho de 1970 para gravar as canções "What's Going On", "God is Love", "Sad Tomorrows" - uma versão inicial da canção "Flying High (In the Friendly Sky)". Gaye queria lançar "What's Going On" como single, mas Berry Gordy recusou-se, alegando que a canção não era viável comercialmente. Gaye recusou-se a gravar qualquer outra canção até que o presidente da Motown cedesse, o que ocorreria em janeiro de 1971. O sucesso do single surpreendeu Gordy, que requisitou um álbum com canções similares.
O álbum What's Going On tornou-se um dos mais importantes da carreira de Gaye e é até hoje seu trabalho mais conhecido. Tanto em termos de som (influenciada pelo funk e pelo jazz) e de conteúdo das letras (fortemente espiritual), o álbum representou uma aproximação com seus trabalhos iniciais na Motown. Além da faixa-título, "Mercy Mercy Me" e "Inner City Blues (Make Me Wanna Holler)" atingiram o Top 10 Pop Hits e o primeiro lugar da lista R&B da Billboard. Considerado como um dos mais notáveis discos da história da soul music norte-americana, o álbum conceitual de Gaye foi um divisor de águas para esse gênero musical. Ele já foi chamado de "a mais importante e apaixonada gravação já lançada da música soul, entregue por uma de suas melhores vozes".
Com o sucesso do álbum What's Going On, a Motown renegociou um novo contrato com Marvin que permitiu a ele o controle artístico de seu trabalho, no valor de US$1 milhão, fazendo do cantor o mais bem pago artista negro da história da música. Além disso, Gaye ajudou a libertar o trabalho criativo de outros artistas da Motown, entre os quais Stevie Wonder. Ainda naquela época, Marvin mudou-se de Detroit para Los Angeles em 1972 após receber uma proposta para escrever a trilha-sonora para um filme blaxploitation. Escrevendo as letras, criando os arranjos e produzindo o LP para o filme Trouble Man, Marvin lançou o álbum e a canção homônimas, que atingiram o Top 10 Pop da Billboard em 1973. Depois de passar por um período complicado quanto aos rumos de sua carreira, Marvin decidiu mudar o conceito lírico das composições. O LP Let’s Get it On trazia uma temática menos social e mais pessoal da vida de Marvin. Conflitos com o pai, dúvidas existenciais e questões sobre a vida particular do compositor fazem parte do álbum. O LP foi um dos trabalhos mais bem sucedidos de sua carreira e o seu maior sucesso de vendas, superando What's Going On. A faixa-título chegou ao topo da parada pop da Billboard e bateu o recorde de vendagens da Motown, que pertencia ao próprio Marvin com "I Heard It Through the Grapevine". Outros destaques do LP foram as canções "Come Get to This", "You Sure Love to Ball" e "Distant Lover".
Gaye começou a trabalhar naquele que seria seu último álbum dueto, desta vez com Diana Ross. O projeto do LP Diana & Marvin teve início em 1972, mas houve atrasos no andamento do álbum. Com Diana grávida pela segunda vez, Gaye recusava-se a cantar se ele não pudesse fumar no estúdio. Então, os dois realizaram as gravações em dias separados. Lançado no segundo semestre de 1973, o álbum rendeu vários sucessos, entre os quais "You're a Special Part of Me", "My Mistake (Was to Love You)" e as versões para "You Are Everything" e "Stop, Look, Listen (To Your Heart)", ambas hits do grupo The Stylistics.
Em 1975, Gaye começou a pensar em seu próximo disco solo, mas o divórcio com Anna Gordy tomou boa parte do seu tempo. O fim do casamento levou Gaye a várias audiências nos tribunais. O disco I Want You foi finalizado somente no ano seguinte. O álbum levou a faixa-título I Want You ao topo da parada R&B da Billboard.
Em 1977, a Motown lançou o single de "Got to Give It Up", que se tornou primeiro lugar nas lista Pop, R&B e Dance da Billboard, e o LP ao vivo Live at the London Palladium, álbum que vendeu em torno de duas milhões de cópias - se tornando um dos mais vendidos daquele ano. No ano seguinte, finalmente Gaye consegue se divorciar de sua primeira esposa Anna. Como resultado do acordo judicial, Gaye foi ordenado a pagar pensão alimentícia - ele concordou em ceder parte de seu salário e das vendas do seu álbum seguinte para pagar essa pensão. O resultado foi o LP duplo Here, My Dear, que explorou o relacionamento do casal em detalhes tão íntimos que quase levou Anna a processá-lo por invasão de privacidade, mas ela desistiu dessa decisão. O LP fracassou nas listas de sucesso e Gaye se esforçou para vender o disco. Em 1979, Gaye se casou pela segunda vez, agora com Janis Hunter, com quem teve dois filhos, Frankie e Nona), e começou a trabalhar em um novo álbum, Lover Man. Mas o projeto foi abortado depois do fracasso do single "Ego Tripping Out". Reclamando de problemas com impostos e de vício em drogas, Gaye pediu falência e se mudou para o Hawaii, onde ele vivia em um furgão.
Em 1980, ele assinou com o promotor britânico Jeffrey Kruger para realizar concertos no Reino Unido. Mas Gaye não conseguiu chegar em tempo ao palco. Quando ele chegou, todos já haviam deixado o concerto. Em Londres, Marvin trabalhou no LP In Our Lifetime?, uma complexa e profunda gravação pessoal. Quando a Motown lançou o disco em 1981, Gaye ficou lívido: ele acusou a gravadora de editar e remixar o álbum sem seu consentimento, lançando uma canção inacabada, "Far Cry", alterando a arte do LP que ele requisitara e removendo o ponto de interrogação do título (dessa forma, alterando sua conotação irônica).
Depois de oferecida uma nova chance em Ostend, Bélgica, Marvin mudou-se para lá ainda em 1981. Ainda perturbado pela decisão precipitada da Motown em lançar In Our Lifetime, ele negociou sua saída da gravadora e assinou com a Columbia Records no ano seguinte, onde lançou Midnight Love. O disco incluía o grande sucesso "Sexual Healing", que lhe rendeu seus primeiros dois prêmios Grammy (de Melhor Performance R&B Masculina e Melhor R&B Instrumental), em fevereiro de 1983. Ele também seria indicado aos mesmos prêmios no ano seguinte pelo LP Midnight Love. Também em fevereiro de 1983, Gaye fez uma apresentação memorável no All-Star Game da NBA, interpretando o Hino Nacional dos Estados Unidos. No mês seguinte, ele fez sua última apresentação para seu antigo mentor no concerto Motown 25, apresentando What's Going On. Depois, ele embarcou em uma turnê pelos EUA divulgando seu recente trabalho. Terminada a turnê, em agosto de 1983, ele estava atormentado por problemas de saúde - ele teve acessos de depressão e medo em torno de uma suposta tentativa de lhe tirarem a vida.
Quando a turnê foi encerrada, ele se isolou e se mudou para a casa de seus pais. Ele ameaçou cometer suicídio diversas vezes, depois de numerosas e amargas brigas com seu pai, o pastor evangélico Marvin Pentz Gay Sr. Em 1 de abril de 1984, um dia antes de completar seu 45º aniversário, Marvin foi assassinado com um tiro por seu próprio pai, após uma briga iniciada quando os pais de Gaye discutiam sobre a perda de documentos de negócios. A ironia é que Gaye foi morto por uma arma que ele próprio havia dado de presente para seu pai. Marvin Pentz Sr. foi condenado a seis anos de prisão, após ser declarado culpado por homicídio. A acusação de assassinato foi abandonada após médicos descobrirem que ele estava com um tumor cerebral. Marvin Pentz Sr passou o final de sua vida em um asilo, onde morreria de pneumonia em 1998.
Após alguns lançamentos póstumos, que fortaleceram a memória de Marvin na consciência popular, o cantor foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame em 1987. Mais tarde, também ao Hollywood's Rock Walk e, em 1990, ganharia uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
Fonte: WikiPédia
O início da carreira do cantor foi em 1961, na Motown, onde Gaye rapidamente se tornaria o principal cantor da gravadora e emplacaria numerosos sucessos durante os anos sessenta, entre eles "Stubborn Kind of Fellow", "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", "I Heard It Through the Grapevine" e vários duetos com Tammi Terrell, incluindo "Ain't No Mountain High Enough" e "You're All I Need to Get By", antes de mudar sua própria forma de se expressar musicalmente. Gaye é importante por sua luta por produzir seus sucessos, mas criativamente restritivo - no processo de gravação da Motown, intérpretes, compositores e produtores eram geralmente mantidos em áreas separadas.
Com seu bem-sucedido álbum What's Going On, de 1971, e outros lançamentos subsequentes - includindo Trouble Man, de 1972, e Let's Get It On, de 1973, Gaye, que vez ou outra compunha canções para artistas da Motown no início da sua carreira, provou também que poderia tanto escrever quanto produzir seus próprios discos sem ter de confiar no sistema da Motown. Ele é também conhecido por seu ambientalismo, talvez mais evidente na canção "Mercy Mercy Me (The Ecology)".
Durante os anos setenta, Gaye lançaria outros notáveis álbuns, includindo Let's Get It On e I Want You, além de ter emplacado vários sucessos, como "Let's Get It On" e "Got to Give It Up". Já no começo dos anos oitenta, seria a vez do hit "Sexual Healing", que lhe rendeu - antes de sua morte - dois prêmios Grammy. Até o momento de ser assassinado pelo seu pai, em 1984, Gaye tinha se tornado um dos mais influentes artistas da cena soul. Em 1996, Gaye foi homenageado na 38º cerimônia do Grammy Awards.
A carreira de Marvin tem sido descrita como uma das que "abarcam toda a história do R&B, do doo-wop dos anos cinquenta ao soul contemporâneo dos anos oitenta."[2] Críticos têm também afirmado que a produção musical de Gaye "significou o desenvolvimento da black music a partir do rhythm'n blues, através de um sofisticado soul de consciência política nos anos setenta e de uma abordagem maior em assuntos de cunho pessoal e sexual.
Marvin Gaye nasceu no Freedman's Hospital, em Washington, D.C.. Ele foi o primeiro filho e o segundo mais velho de quatro filhos do pastor evangélico Marvin Pentz Gaye Sr. e da professor/dona-de-casa Alberta Cooper. Com as irmãs Jeanne e Zeola e o irmão mais novo Frankie, viviam na zona segregada da capital norte-americana, no bairro da Deanwood (nordeste da cidade). Ainda novo, ele era carregador de tacos de golfe no Norbeck Country Club, em Olney, Maryland. O pai de Gaye pregava com pastor na Igreja Adventista do Sétimo Dia chamada House of God (a "Casa de Deus"), que tinha um rigoroso código de conduta misturado a ensinamentos do judaísmo ortodoxo e pentecostalismo. Crescendo na igreja de seu pai, Marvin começou a cantar desde cedo no coral - aos 3 anos - e a tocar instrumentos. A música era uma espécie de válvula de escape para o jovem, que durante toda a infância costumava apanhar do pai diariamente. Durante o tempo em que esteve na high school, Marvin começou a ouvir doo-wop e ingressou no DC Tones como um baterista.[5] Após abandonar a Cardozo High School, Gaye alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos. Após o fingimento de uma doença mental,[6] ele foi dispensado por ter se recusado a seguir ordens.
Após abandonar as Forças Aéreas em 1957, Gaye começou sua carreira musical em vários grupos doo wop, fixando-se em um popular grupo de Washington DC, chamado The Marquees. Com Bo Diddley, os Marquees lançaram o single "Wyatt Earp" em 1957 pela gravadora Okeh e foram então contratados por Harvey Fuqua para o grupo The Moonglows. "Mama Loocie", lançada em 1959 pela gravadora Chess, foi o primeiro e único single de Gaye com os Moonglows. Junto com os Moonglows, Gaye assimilou várias técnicas, utilizadas posteriormente, nos álbuns que produziria. E foi com ajuda dessa banda que ele foi apresentado a empresários da cena musical. Depois de um concerto em Detroit, o "novo" Moonglows foi dissolvido e Fuqua apresentou Gaye a Berry Gordy, presidente da Motown Records. Ele contratou Gaye primeiramente como baterista de estúdio, para tocar para grupos como The Miracles, The Contours, Martha and the Vandellas, The Marvelettes, entre outros. Gaye tocou bateria para as Marvelettes na canção "Please Mr. Postman", em 1961, e para a versão ao vivo de Little Stevie Wonder para a canção "Fingertips Pt. 2", de 1963. Ambas canções alcançaram o primeiro lugar na parada norte-americana da Billboard.
Depois de iniciar sua carreira na Motown, Gaye mudou seu nome de Marvin Gay para Marvin Gaye, acrescentando o '"e"' para se separar do nome de seu pai, para encerrar os boatos em curso em torno de sua sexualidade e ainda para imitar seu ídolo, Sam Cooke, que havia também acrescentado um 'e' ao seu sobrenome.[8] Gaye desejava gravar para a Motown, mas Berry Gordy tinha receio quanto ao cantor, devido ao fato de que Gaye não costumava seguir as ordens sobre as quais a gravadora queria que ele cumprisse. De acordo com um documentário do canal de televisão VH1, a namorada de Marvin - e irmã de Berry -, Anna Berry Gordy, convenceu o irmão a assinar com Gaye. Berry concordou em deixar que Marvin gravasse versões pop-contemporâneas de baladas românticas baseadas no jazz.
Popular e querido dentro da Motown, Gaye já carregava com ele uma maneira sofisticada e cavalheiresca e tinha pouca necessidade de treinamento no setor de desenvolvimento artístico da gravadora - embora tenha seguido o conselho do diretor dessa divisão, Maxine Powell, de não cantar de olhos fechados, para não parecer que tinha adormecido". Em junho de 1961, foi lançado a primeira gravação solo de Gaye, The Soulful Moods of Marvin Gaye. Foi o segundo LP lançado pela Motown - o primeiro foi o Hi… We're The Miracles, o primeiro disco dos Miracles. Apesar das faixas "How Deep Is the Ocean?" e "How High the Moon" terem sido elogiadas pela crítica pela profundidade das harmonias e melodias, o álbum de Gaye fracassou e nem chegou às paradas norte-americanas. Marvin ainda tinha dificuldades em descobrir seu jeito próprio de cantar, que ele desejava que fosse o mais próximo de Nat King Cole, um dos ícones do jazz, estilo que predomina no primeiro disco solo de Marvin. A Motown queria que o cantor se direcionasse para melodias da soul music, mais populares e atraentes no mercado fonográfico.
Depois de discutir sobre a direção de sua carreira com Berry Gordy, Gaye - relutante - concordou em gravar mais canções de R&B de seus colegas de gravadora e outros três novos escritos pelo próprio Gordy. Seu primeiro single lançado, "Let Your Conscience Be Your Guide", construída sobre uma vibração de Ray Charles, fracassou nas paradas - tendo o mesmo ocorrido com as canções "Sandman" e "A Soldier's Plea", todas de 1962. Ironicamente, Gaye encontraria o sucesso primeiramente como compositor da canção "Beechwood 4-5789", gravada pelas Marvelettes em 1962. Finalmente naquele mesmo ano, o single "Stubborn Kind of Fellow" rendeu algum sucesso e chegou ao Top 10 R&B dos Estados Unidos. Co-escrita por Gaye e produzida pelo amigo William "Mickey" Stevenson, a gravação contou com a participação das recém-contratadas Martha and the Vandellas (então conhecidas como The Vells) e foi uma espécie de desabafo autobiográfico sobre o comportamento indiferente e deprimido de Gaye. Na sequência de "Stubborn Kind of Fellow" vieram, em 1963, outros três singles: as dançantes "Hitch Hike" e "Can I Get a Witness", que chegaram ao Top 30 Pop da Billboard, e a balada romântica "Pride and Joy", primeira canção de Gaye a chegar ao Top 10 Pop.
Apesar do cantor começar a encontrar o caminho do sucesso, Marvin ainda brigava com a Motown para ser um cantor de baladas românticas e sofisticadas, diferentemente da linha da gravadora que esperava de seus artistas os grandes hits. Batalhas entre a opção artística de Marvin e a demanda por produtos comerciais da Motown seriam frequentes ao longo dos anos e marcariam o relacionamento entre o cantor e a gravadora, já que as insistentes cobranças do selo por um trabalho mais comercial eram incompatíveis com as ambições artísticas de Gaye.
O sucesso continuaria em 1964 com os singles "You Are a Wonderful One" (que contou com o trabalho vocal de fundo do grupo The Supremes), "Try It Baby" (que contou com vocais de fundo do grupo The Temptations), "Baby Don't You Do It" e "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", que tornou-se sua primeira composição de sucesso. Durante este fase inicial de sucesso, Gaye ainda contribuiu com o grupo Martha and the Vandellas, sendo autor da letra do hit "Dancing in the Street", sucesso naquele mesmo ano. Gaye também conseguiu figurar nas paradas com o álbum Together, um disco de duetos com a cantora Mary Wells. A dupla emplacou os singles "Once Upon a Time" e "What's the Matter With You, Baby?". Como artista solo, Gaye continuou a desfrutar de um grande sucesso e seu LP Moods of Marvin Gaye, de 1966, do qual participou Smokey Robinson, colocou os singles "I'll Be Doggone" e "Ain't That Peculiar" tanto o Top 10 Pop da Billboard quanto no topo - pela primeira vez na carreira do cantor - da parada R&B norte-americana. Com Kim Weston, sua segunda parceria de dueto, foi lançado "It Takes Two", canção que chegou ao Top 20 Pop e ao quarto lugar na lista de R&B da Billboard. Marvin Gaye se estabelecia como um dos principais artistas na era dos duos. Seu sucesso como cantor solo também lhe concedeu o status de ídolo da juventude, assim como ele se tornou um dos artistas prediletos nos principais shows adolescentes - entre os quais, American Coreto, Shindig!,Hullaballoo e The Mike Douglas Show. Ele também se tornou um dos poucos artistas da Motown a se apresentar no Copacabana - e um álbum seu gravado na casa demoraria três décadas para ser lançado.
Uma série dos sucessos de Gaye pela Motown foram duetos com artistas femininas, tais como Mary Wells e Kim Weston. O primeiro LP do cantor a aparecer nas listas da Billboard foi o Together, de 1964, disco de duetos com Wells. No entanto, a parceira mais popular e memorável de Marvin foi Tammi Terrell. Gaye e Terrell tinham um bom relacionamento e o álbum de estréia da dupla, United, lançado em 1967, gerou uma série de sucessos, como "Ain't No Mountain High Enough", "Your Precious Love", "If I Could Build My Whole World Around You" e "If This World Were Mine".
A dupla de compositores Nickolas Ashford e Valerie Simpson, que eram também casados, forneceu as letras e a produção para as gravações de Gaye/Terrell. Enquanto Gaye e Terrell não formavam um casal de namorados - embora rumores persistam de que eles podem ter tido um caso anteriormente -, eles atuavam como verdadeiros amantes nas gravações. De fato, Gaye às vezes declarava que pela duração das canções ele estava apaixonado por ela. Mas ainda naquele ano, o sucesso da parceria foi tragicamente encurtado. Em 14 de outubro, Terrell desmaiou nos braços de Gaye, enquanto eles se apresentavam no Hampton Institute (hoje Hampton Universit), em Hampton, Virginia. Era o primeiro sintoma de um tumor cerebral, diagnosticado em exames realizados posteriormente, e que continuaria a debilitar a saúde de Tammi.
A Motown decidiu tentar e continuar as gravações da dupla Gaye/Terrell. Em 1968, a gravadora lançou You're All I Need, o segundo LP da dupla, que se destacou pelos sucessos de "Ain't Nothing Like the Real Thing" e "You're All I Need to Get By". No ano seguinte foi lançado Easy, o último álbum da dupla. A deterioração da saúde de Terrell a impediu de concluir as gravações de estúdio e a maior parte dos vocais femininos teriam sido gravados por Valerie Simpson. Duas faixas do LP eram canções arquivadas da carreira solo de Terrell e foram mixadas com a voz de Gaye.
A doença de Tammi Terrell deixou Gaye em profunda depressão; quando sua canção "I Heard It Through the Grapevine" (inicialmente gravada em 1967 por Gladys Knight & The Pips) chegou ao primeiro lugar da principal lista da Billboard - além de ter também sido o single mais vendido da história da Motown, com quatro milhões de cópias -, ele se recusou a reconhecer seu sucesso, sentindo que ele era imerecido. O trabalho com o produtor Norman Whitfield, que havia produzido "Grapevine", resultou em outros dois sucessos similares: "Too Busy Thinking About My Baby" e "That's the Way Love Is". Entretanto, o casamento de Gaye estava ruindo e ele continuava a sentir que seu trabalho artístico era completamente irrelevante. Frente às transformações sociais que chacoalhavam os Estados Unidos naquele período.
Ao mesmo tempo que Marvin cantava interminavelmente sobre o amor, a música popular norte-americana passava por uma grande revolução, abordando em suas letras as questões sociais e políticas daqueles anos. Desejando ter independência criativa, Marvin foi liberado pela Motown para produzir as gravações de estúdio das bandas The Originals, cujo resultado apareceu nos hits "Baby I'm For Real" e "The Bells".
Em 16 de março de 1970, Tammi Terrell morreu em decorrência do tumor cerebral e deixou Marvin devastado. Durante o funeral da parceira, Marvin estava tão sensível que ele conversava com o corpo de Tammi como que esperando por uma resposta dela. Imediatamente, Gaye mergulhou em um auto-isolamento e ficou sem se apresentar ao vivo por quase dois anos. Gaye contou a amigos que havia pensado em deixar a carreira musical, à ponto até de tentar ingressar no futebol americano e jogar no Detroit Lions (onde ele encontrou os colegas Mel Farr e Lem Barney), mas depois de seu sucesso produzindo os Originals, Gaye estava confiante em criar sua própria gravadora. Como resultado disso, ele entrou nos estúdios em 1 de junho de 1970 para gravar as canções "What's Going On", "God is Love", "Sad Tomorrows" - uma versão inicial da canção "Flying High (In the Friendly Sky)". Gaye queria lançar "What's Going On" como single, mas Berry Gordy recusou-se, alegando que a canção não era viável comercialmente. Gaye recusou-se a gravar qualquer outra canção até que o presidente da Motown cedesse, o que ocorreria em janeiro de 1971. O sucesso do single surpreendeu Gordy, que requisitou um álbum com canções similares.
O álbum What's Going On tornou-se um dos mais importantes da carreira de Gaye e é até hoje seu trabalho mais conhecido. Tanto em termos de som (influenciada pelo funk e pelo jazz) e de conteúdo das letras (fortemente espiritual), o álbum representou uma aproximação com seus trabalhos iniciais na Motown. Além da faixa-título, "Mercy Mercy Me" e "Inner City Blues (Make Me Wanna Holler)" atingiram o Top 10 Pop Hits e o primeiro lugar da lista R&B da Billboard. Considerado como um dos mais notáveis discos da história da soul music norte-americana, o álbum conceitual de Gaye foi um divisor de águas para esse gênero musical. Ele já foi chamado de "a mais importante e apaixonada gravação já lançada da música soul, entregue por uma de suas melhores vozes".
Com o sucesso do álbum What's Going On, a Motown renegociou um novo contrato com Marvin que permitiu a ele o controle artístico de seu trabalho, no valor de US$1 milhão, fazendo do cantor o mais bem pago artista negro da história da música. Além disso, Gaye ajudou a libertar o trabalho criativo de outros artistas da Motown, entre os quais Stevie Wonder. Ainda naquela época, Marvin mudou-se de Detroit para Los Angeles em 1972 após receber uma proposta para escrever a trilha-sonora para um filme blaxploitation. Escrevendo as letras, criando os arranjos e produzindo o LP para o filme Trouble Man, Marvin lançou o álbum e a canção homônimas, que atingiram o Top 10 Pop da Billboard em 1973. Depois de passar por um período complicado quanto aos rumos de sua carreira, Marvin decidiu mudar o conceito lírico das composições. O LP Let’s Get it On trazia uma temática menos social e mais pessoal da vida de Marvin. Conflitos com o pai, dúvidas existenciais e questões sobre a vida particular do compositor fazem parte do álbum. O LP foi um dos trabalhos mais bem sucedidos de sua carreira e o seu maior sucesso de vendas, superando What's Going On. A faixa-título chegou ao topo da parada pop da Billboard e bateu o recorde de vendagens da Motown, que pertencia ao próprio Marvin com "I Heard It Through the Grapevine". Outros destaques do LP foram as canções "Come Get to This", "You Sure Love to Ball" e "Distant Lover".
Gaye começou a trabalhar naquele que seria seu último álbum dueto, desta vez com Diana Ross. O projeto do LP Diana & Marvin teve início em 1972, mas houve atrasos no andamento do álbum. Com Diana grávida pela segunda vez, Gaye recusava-se a cantar se ele não pudesse fumar no estúdio. Então, os dois realizaram as gravações em dias separados. Lançado no segundo semestre de 1973, o álbum rendeu vários sucessos, entre os quais "You're a Special Part of Me", "My Mistake (Was to Love You)" e as versões para "You Are Everything" e "Stop, Look, Listen (To Your Heart)", ambas hits do grupo The Stylistics.
Em 1975, Gaye começou a pensar em seu próximo disco solo, mas o divórcio com Anna Gordy tomou boa parte do seu tempo. O fim do casamento levou Gaye a várias audiências nos tribunais. O disco I Want You foi finalizado somente no ano seguinte. O álbum levou a faixa-título I Want You ao topo da parada R&B da Billboard.
Em 1977, a Motown lançou o single de "Got to Give It Up", que se tornou primeiro lugar nas lista Pop, R&B e Dance da Billboard, e o LP ao vivo Live at the London Palladium, álbum que vendeu em torno de duas milhões de cópias - se tornando um dos mais vendidos daquele ano. No ano seguinte, finalmente Gaye consegue se divorciar de sua primeira esposa Anna. Como resultado do acordo judicial, Gaye foi ordenado a pagar pensão alimentícia - ele concordou em ceder parte de seu salário e das vendas do seu álbum seguinte para pagar essa pensão. O resultado foi o LP duplo Here, My Dear, que explorou o relacionamento do casal em detalhes tão íntimos que quase levou Anna a processá-lo por invasão de privacidade, mas ela desistiu dessa decisão. O LP fracassou nas listas de sucesso e Gaye se esforçou para vender o disco. Em 1979, Gaye se casou pela segunda vez, agora com Janis Hunter, com quem teve dois filhos, Frankie e Nona), e começou a trabalhar em um novo álbum, Lover Man. Mas o projeto foi abortado depois do fracasso do single "Ego Tripping Out". Reclamando de problemas com impostos e de vício em drogas, Gaye pediu falência e se mudou para o Hawaii, onde ele vivia em um furgão.
Em 1980, ele assinou com o promotor britânico Jeffrey Kruger para realizar concertos no Reino Unido. Mas Gaye não conseguiu chegar em tempo ao palco. Quando ele chegou, todos já haviam deixado o concerto. Em Londres, Marvin trabalhou no LP In Our Lifetime?, uma complexa e profunda gravação pessoal. Quando a Motown lançou o disco em 1981, Gaye ficou lívido: ele acusou a gravadora de editar e remixar o álbum sem seu consentimento, lançando uma canção inacabada, "Far Cry", alterando a arte do LP que ele requisitara e removendo o ponto de interrogação do título (dessa forma, alterando sua conotação irônica).
Depois de oferecida uma nova chance em Ostend, Bélgica, Marvin mudou-se para lá ainda em 1981. Ainda perturbado pela decisão precipitada da Motown em lançar In Our Lifetime, ele negociou sua saída da gravadora e assinou com a Columbia Records no ano seguinte, onde lançou Midnight Love. O disco incluía o grande sucesso "Sexual Healing", que lhe rendeu seus primeiros dois prêmios Grammy (de Melhor Performance R&B Masculina e Melhor R&B Instrumental), em fevereiro de 1983. Ele também seria indicado aos mesmos prêmios no ano seguinte pelo LP Midnight Love. Também em fevereiro de 1983, Gaye fez uma apresentação memorável no All-Star Game da NBA, interpretando o Hino Nacional dos Estados Unidos. No mês seguinte, ele fez sua última apresentação para seu antigo mentor no concerto Motown 25, apresentando What's Going On. Depois, ele embarcou em uma turnê pelos EUA divulgando seu recente trabalho. Terminada a turnê, em agosto de 1983, ele estava atormentado por problemas de saúde - ele teve acessos de depressão e medo em torno de uma suposta tentativa de lhe tirarem a vida.
Quando a turnê foi encerrada, ele se isolou e se mudou para a casa de seus pais. Ele ameaçou cometer suicídio diversas vezes, depois de numerosas e amargas brigas com seu pai, o pastor evangélico Marvin Pentz Gay Sr. Em 1 de abril de 1984, um dia antes de completar seu 45º aniversário, Marvin foi assassinado com um tiro por seu próprio pai, após uma briga iniciada quando os pais de Gaye discutiam sobre a perda de documentos de negócios. A ironia é que Gaye foi morto por uma arma que ele próprio havia dado de presente para seu pai. Marvin Pentz Sr. foi condenado a seis anos de prisão, após ser declarado culpado por homicídio. A acusação de assassinato foi abandonada após médicos descobrirem que ele estava com um tumor cerebral. Marvin Pentz Sr passou o final de sua vida em um asilo, onde morreria de pneumonia em 1998.
Após alguns lançamentos póstumos, que fortaleceram a memória de Marvin na consciência popular, o cantor foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame em 1987. Mais tarde, também ao Hollywood's Rock Walk e, em 1990, ganharia uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
Fonte: WikiPédia