Na Rua Santa Ifigênia, também no centro, são vendidos os toca discos.
Em um mundo cada vez mais digital, os discos de vinil, que marcaram época, retornam ao mercado com força total e também impulsionam a venda de toca discos e agulhas. Em São Paulo, o comércio disparou e o mercado dos chamados “bolachões” só cresce.
Eles voltaram. Os discos de vinil, LPs, ou simplesmente “bolachões” estão na moda de novo, depois de 20 anos fora do mercado, dominado pelos CDs. Hoje, em livrarias, o vinil já convive lado a lado com os CDs e ganha cada vez mais espaço.
“É um pouco de saudosismo. É um pouco de conhecimento das pessoas mais jovens que começam a adquirir musica através do vinil, então eles acabam pulando o CD, saindo do digital e indo diretamente para o vinil”, avalia o coordenador da livraria, João Paulo da Silveira Bueno.
Pequenas empresas perceberam a tendência e a oportunidade de ganhar dinheiro nesse mercado.
Em uma charmosa galeria no centro de são Paulo, a Nova Barão, nos últimos anos, o perfil do comércio mudou. Um andar já é conhecido como galeria do vinil. São várias lojas, com milhares de “bolachões” à venda. Novos, usados, raros. Até na parede, coloridos, como decoração.
O dono da loja, Marcelo Batista, era torneiro mecânico. Largou a profissão para montar o negócio próprio. E se deu bem. “De uns quatro anos para cá, você observa que tem umas pessoas mais novas, gente que por causa do pai procura o disco, que o irmão curtia nesse formato”, explica.
Marcelo investiu R$ 80 mil na reforma da loja e no estoque de 7 mil discos do gênero punk e rock metal. O empresário fatura R$ 10 mil por mês. Ele vende LPs usados e novos. Há disco a partir de R$ 20. Marcelo criou até um selo e também lança ele próprio discos de vinil.
“É eu peço autorização para as bandas, escolho os formatos, pego os formatos que melhor se encaixa para aquelas musicas, lanço, tenho catálogo, tenho site e as pessoas descobrem isso ou já sabem disso e compram”, explica.
O empresário Marcio Custódio é outro que apostou no mercado e na galeria. Com R$ 50 mil, ele reformou uma loja e fez um pequeno estoque inicial. Hoje, tem 5 mil discos de vinil, a maioria usados, dos gêneros rock e MPB. O trabalho dele é garimpar discos entre colecionadores e revendê-los, com margem de lucro de 30% a 100%. Uma edição rara importada, por exemplo, sai por R$ 150.
Assim como outros lojistas, Marcio tem custo fixo baixo na galeria. Paga R$ 1 mil por mês de aluguel. Hoje, ele fatura de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês.
“Eu acredito que o mercado de vinil vai bombar, o mercado vai ficar mais aquecido do que está, eu acho que é o formato físico que veio para ficar mesmo, entendeu?”, sugere.
Toca discos
Na movimentada Rua Santa Ifigênia, também no centro de São Paulo, são vendidos os toca discos, necessários para quem compra vinil. E a cadeia de negócios se amplia.
Faz 56 anos que a loja funciona no mesmo lugar e vende o mesmo produto, toca discos.
O empresário Luiz Peres Mixeu herdou a loja do pai. Ele conta que durante 20 anos só comercializou toca discos antigos, porque não havia aparelhos novos para vender. Nos últimos quatro anos, os modelos novos, todos importados, inundaram o mercado e as vendas cresceram 80%.
“A quantidade de vendas aumentou demais, em relação a esse produto. Uma coisa que não existia praticamente não vendia antes, os distribuidores não traziam esse produto para cá”, diz.
A loja oferece 25 modelos de toca discos. Eles vêm com entrada para USB e pen drive. O modelo mais barato custa R$ 480. O mais caro é este toca discos de R$ 2.850, com motor de alta precisão e controle eletrônico de rotação. Tem também as vitrolas que já vêm com autofalantes acoplados por R$ 1200.
A loja vende 280 aparelhos por mês. Também não perde a oportunidade de ganhar dinheiro com acessórios: agulhas, receivers e caixas acústicas. O faturamento, de R$ 280 mil por mês, cresce sem parar.
“O CD encobriu o toca disco durante muito tempo, mas voltou, voltou, voltou e voltou com uma força total. E o CD não vai conseguir recuperar isso daí”, diz Mixeu.
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